O PiG usa o Agnelli – para o bem e para o mal
Paulo Henrique Amorim
. O PiG transformou a Vale no que o Governo Lula NÃO é.
. A excelência da Vale e seu presidente, o funcionário contratado Roger Agnelli, eram exemplos do que o Governo Lula NÃO era.
. A Vale era a NÃO-Petrobrás.
. Uma, lenta, inepta, cabide de emprego, “aparelhada” pelo PT, estatal com todos os defeitos que o Roberto Campos identificou no “Petrossauro”.
. A Vale, não.
. Enxuta, profissional, dinâmica, dirigida por um gênio – a Vale, privatizada.
. Roger Agnelli, funcionário de carreira do Bradesco, nomeado presidente com a privatização, foi transformado naquilo que o presidente da Petrobrás NÃO era.
. Privatizante, cosmopolita, erudito, tanto assim que foi ser “colonista” (*) da Folha (da Tarde **).
. Agnelli era a nossa versão do Gianni, o comandante da Fiat.
. Além do mais, também elegante, garboso, como o Gianni.
. Só que, ao contrário do Gianni, o nosso Agnelli é um empregado.
. E como todo executivo que pensa na carreira, Agnelli tratou de ser uma celebridade.
. É impressionante como ele consegue dirigir uma empresa tão fabulosa e, ao mesmo tempo, desincumbir-se das extenuantes responsabilidades que acompanham as estrelas !
. Na verdade, não há nada de excepcional na Vale.
. A Vale faz até hoje no Brasil o que meus antepassados portugueses fizeram quando aqui chegaram: fura o solo e exporta o que encontra.
. Não é uma IBM, uma GE, uma Microsoft, que tenha contribuído para o desenvolvimento com inovação e tecnologia.
. Não troco um agrônomo da Embrapa pelo diploma de economista do Agnelli ...
. A Vale não multiplica.
. Não tem capilaridade.
. Ela não é a construção civil, nem a indústria automobilística.
. E muito menos a Petrobrás, que cuida de atividades estratégicas.
. O que aconteceria se o Brasil não produzisse minério de ferro ?
. Nada.
. O Japão não tem minério de ferro e tem uma indústria siderúrgica robusta ...
. O único fato relevante da biografia recente da Vale - pós Vargas - foi a sua privatização.
. O Governo do Farol de Alexandria ia dar a Vale – a preço de amigo ... - ao Antonio Ermírio de Moraes.
. Na operação ia entrar – como entrou, com Daniel Dantas, nas teles – a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil.
. Aí, de uma hora para outra, Ricardo Sérgio de Oliveira, que foi diretor de “fundos” de campanhas de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, e controlava a Previ, mudou de lado.
. Mudou de lado.
. Mudou de lado, como mudou, no limite da “irresponsabilidade”, na privatização das teles.
. Para quem tem memória curta, Ricardo Sérgio é protagonista daquele momento “Péricles de Atenas” do Governo Fernando Henrique, durante o êxtase privatizante: “isso vai dar m...”
. No caso da Vale, Ricardo Sérgio mudou de lado por convicções ideológicas, presume-se.
. Na revista VEJA, uma entrevista de Benjamin Steinbruch revestiu a conversão a alguns valores supra-ideológicos ...
. O José Serra e o Fernando Henrique Cardoso devem saber que valores são esses ...
. E a Vale foi cair nas mãos de um conglomerado de que constam a mesma Previ – portanto, a Vale é, ainda, em boa parte, estatizada ... - e o Bradesco.
. O endeusamento da Vale e do Agnelli chocou-se, porém, com outra prioridade do PiG: derrubar o presidente Lula.
. Na verdade, neste momento, a estratégia do PiG não é mais derrubar o presidente Lula, porque ele já se derrubou.
. Depois da prisão de Daniel Dantas e do Golpe do “Estado de Direita” do Supremo Presidente Gilmar Mendes, o Presidente Lula, o que tem medo, caiu para dentro.
. Hoje, a estratégia do PiG “evoluiu” para aumentar, multiplicar a crise econômica, de tal forma que o Presidente Lula chegue um cadáver ambulante à eleição de 2010, e José Serra, desde sempre presidente eleito, assuma em paz.
. No momento, o negócio do PiG é o “quanto pior melhor”.
. Então, foi a sopa no mel, quando a Vale, por causa da crise, teve que enfrentar alguns dissabores.
. O PiG transformou isso na catástrofe total, irremediável, completa, o fim dos tempos: agora o Lula será tragado pelo fogo dos infernos !
. Tróia caiu !
. Heitor, o herói de pés ligeiros, estava mortalmente ferido !
. Disse o Estadão, no sábado, em manchete jubilosa, na primeira página: “Crise faz Vale cortar a produção e dar férias”.
. A Folha, com incontido regozijo, bradou de fora a fora, na primeira página: “Crise faz Vale diminuir produção” !!!
. E o Globo ? Percebia-se o sorriso maquiavélico do redator por trás daquela manchete da primeira página, como se dissesse, “caiu o último bastião do Governo Lula”: “Vale reduz produção em cinco países e dá férias”.
. O PiG derreteu a Vale.
. O Agnelli se assustou.
. Como ficam os acionistas ?
. Como ficam os bancos ?
. Como ficam os fornecedores ?
. A Vale vai quebrar ?
. Calma, não é bem assim, meus queridos colegas do PiG.
. A Vale não acabou, AINDA, como diria a Miriam Leitão.
. E, hoje, com data de 31/10/2008 (por que só saiu nos jornais de 2 de novembro ?) todos os jornais do PiG publicam uma “nota de esclarecimento” da Vale.
. Diz a nota tardia: a Vale dará férias e fará ajustes na produção para se adequar aos pedidos dos clientes (quem mandou acreditar que a China ia crescer eternamente a 20% ao ano ?).
. A Vale vai evitar estocar menos os produtos de qualidade inferior e de maior custo (e por que os produz ? e por que já não os estoca menos, desde ante da crise ?).
. A Vale vai fazer paradas de manutenção (o que deveria fazer, rotineiramente).
. Apesar do “quanto pior melhor” do PiG, a Vale não vai cortar um centavo do plano de investimentos anunciado.
. Ou seja, a Vale vai ser obrigada, com a retração da demanda chinesa, a se tornar mais eficiente.
. Como acionista da Vale, não pretendo vender minhas ações.
. Outra coisa: a Vale é responsável por 7% do saldo comercial brasileira.
. Com a variação cambial, se a Vale não exportar um grama de minério de ferro, não vai fazer a menor diferença ...
. O PiG usou a Vale contra o Presidente Lula, para desmoralizá-lo.
. E agora usa a Vale, de novo, contra o Presidente Lula, para tornar pior o que não é tão pior assim.
(*) Se refere à “colônia”, dá a idéia de pessoa “colonizada”, submetida ao pensamento hegemônico que se originou na Metrópole e se fortaleceu nos epígonos coloniais. Epígonos esses que, na maioria dos casos, não têm a menor idéia de como a Metrópole funciona, mas a “copiam” como se a ela pertencessem.
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