Os clientes do Unibanco devem continuar a pagar tarifas mais caras e taxas de juros mais elevadas que as cobradas pelo Itaú na maioria dos serviços e empréstimos, pelo menos nos próximos seis meses e até que as duas instituições definam de que maneira será feita a integração operacional que resultará no maior banco do País e da América Latina. Levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) com base em 35 tarifas dos dois bancos mostra que em 29 delas o Unibanco cobra valores mais altos. A diferença chega a 238% em alguns serviços, como o fornecimento de extrato mensal de conta de depósitos à vista e de poupança.
A reportagem é de Marcelo Rehder e Marianna Aragão e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-11-2008.
“Normalmente em casos desse tipo o padrão tem sido a operação do maior banco servir de referência para o de menor porte”, diz Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). “Ou seja, a tendência é de que o cliente Unibanco seja beneficiado com um custo mais baixo se prevalecer a política do Itaú.” Em julho, o Itaú tinha R$ 343,8 bilhões em ativos totais, enquanto o Unibanco quase R$ 172 bilhões.
De acordo com o Itaú e o Unibanco, nada mudará para os clientes no curto prazo. Antes de mais nada, a fusão depende da aprovação do Banco Central (BC) e de outros órgãos reguladores como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e esse tipo de decisão demanda tempo.
Além disso, as novas regras tarifárias do BC, que entraram em vigor no último dia 30 de abril, não permitem aumentos em um intervalo menor que seis meses. Dentro desse prazo, o banco ainda é obrigado a comunicar a clientela sobre as mudanças com antecedência mínima de um mês. De acordo com o Idec, o banco criado pela fusão não poderá aumentar suas tarifas nos próximos seis meses, já que o Unibanco, no dia 30 de outubro, fez seu último reajuste.
A expectativa dos órgãos de defesa do consumidor é de que as tarifas sejam niveladas por baixo. “Se a tarifa de um determinado serviço do Unibanco for menor que a do Itaú, essa deverá ser adotada e vice-versa”, afirma Marcos Diegues, assessor jurídico do Idec. Porém, não há regra que determine essa medida. “Não há controle nem tabelamento de tarifas ou juros no País, tanto que as nossas taxas estão entre as mais altas do mundo”, observa Evandro Zuliani, diretor de atendimento do Procon de São Paulo. “Nossa expectativa é baseada no princípio de respeito ao consumidor e na boa fé dos bancos”, acrescenta Diegues.
Tanto o Procon quanto o Idec orientam o correntista a ficar atento a novos reajustes nos preços dos pacotes de serviços já contratados, ao tipo de atendimento que tem hoje e se não haverá nenhum tipo de alteração unilateral de contrato. A quebra de contratos é expressamente proibida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC).
O diretor-presidente da Engenheiros Financeiros & Consultores, Carlos Coradi, acredita que a tendência é de que não ocorra aumento de tarifas no novo banco. “Mas também não vejo razão para que o novo conglomerado, maior que seus concorrentes, reduza suas tarifas.” Segundo Coradi, grande parte do faturamento das instituições deriva da cobrança de serviços. “O que os bancos faturam com tarifa é suficiente para pagar toda sua folha de pagamento e ainda sobrar 60% a 80%.”
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