"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O primeiro índio no Kremlin

darussia.blogspot.com - 16/02/09



O Presidente russo, Dmitri Medvedev, manifestou ao seu homólogo boliviano, Evo Morales, que se encontra na capital russa em visita oficial, vontade em cooperar com a Bolívia na luta contra o narcotráfico.
“A Rússia considera importante a coordenação das relações com a Bolívia no campo internacional. Claro que, nalguns casos, das nossas posições conjuntas depende a solução de grandes tarefas globais, estamos prontos para desenvolver esses contactos”, declarou o Presidente Medvedev, ao receber, hoje, Evo Morales no Kremlin.
“Nomeadamente, a Rússia está pronta a cooperar com a Bolívia em questões como a luta contra o narcotráfico e da elaboração de abordagens comuns face à luta contra as alterações climatéricas”, precisou.
Evo Morales não esconde o seu descontentamento face às actividades dos Estados Unidos no campo do combate ao tráfico de drogas na América Latina e defende a sua substuição pela Rússia nesse campo.

Medvedev defende que a Rússia e a Bolívia devem incrementar a troca de mercadorias através do aumento de contactos bilateriais no campo da energia, das indústrias mineira e técnico-militar,
“Infelizmente, por enquanto, o nível do comércio bilateral continua a não ser significativo, mas, não obstante, considero que seremos capazes de dar um impulso complementar, durante a sua visita, em diferentes áreas”, começou Medvedev.
“Podemos avançar nas questões energéticas, na cooperação na esfera mineira e no campo da agricultura. Podemos voltar a uma série de projectos do passado”, precisou.
“Ambos os presidentes reconhecem os êxitos conseguidos no campo da cooperação energética e encarregaram os respectivos ministros de, em breve, assinarem um acordo-quadro sobre a integração na cooperação na esfera energética com vista a utilizar os recursos energéticos nos interesses dos Estados”, lê-se na declaração conjunta de Medvedev e Morales.

Em 2008, as trocas comerciais entre a Rússia e a Bolívia atingiram os 5,5 milhões de dólares.
O dirigente russo anunciou também que a a cooperação técnico-militar entre a Rússia e a Bolívia irá ser “uma direcção importantíssima”, sublinhando que o seu país irá fornecer “um grande número de helicópteros” à Bolívia.
“Esperamos que, nos tempos mais próximos, comece a realização do primeiro grande contracto de fornecimento de helicópteros à Bolívia”, declarou Medvedev, na conferência de imprensa realizada após as conversações.
“E estamos prontos a realizar conversações nesta área no futuro”, acrescentou.
Viatcheslav, Davidenko, porta-voz do consórcio Rosoboronexport, reconheceu que a Bolívia está interessada em adquirir armamentos russos, nomeadamente helicópteros Mi-17B-5.
Evo Morales, antes da visita a Moscovo, manifestou interesse nesses helicópteros, que poderão ser usados para destruir plantações ilegais de coca na Bolívia.
Mikhail Dmitriev, director do Serviço Federal da Rússia para Cooperação Técnico-Militar, não excluiu, em declarações à imprensa, a possibilidade de Moscovo vir a conceder à Bolívia umm empréstimo para adquirir armamentos russos.
“É uma questão que está em análise”, declarou.
O Presidente da Rússia sublinhou também a importância do incremento de contactos no campo da ajuda humanitária e ensino, acrescentando que “na URSS foramaram-se numerosos especialistas bolivianos”.
Evo Morales foi o primeiro chefe de Estado de origem índia a visitar a Rússia e mostrou-se supreendido com a recepção.
“Eu pensava que um índio não fosse alvo de semelhante recepção na Rússia, estou-lhe muito grato por isso”, reconheceu o dirigente boliviano na conferência de imprensa.
Dirigindo-se a Medvedev, Morales acrescentou: “Nunca imaginei que uma grande potência como a Rússia recebesse a mim, que, frequentemente, é chamado de traficante e terrorista”.
“A Rússia é uma potência mundial e tem importância na consecução do mundo multipolar. Apoiamos a disposição pacifista da Rússia”, sublinhou.
“O regresso da Rússia à América Latina é de extrema importância”, rematou Morales.

Nenhum comentário: