"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

O tamanho da crise brasileira

Blog do Luis Nassif - 16/02/09

Aqui você verá uma série de matérias que saíram hoje, sobre os efeitos positivos das políticas anticíclicas empreendidas no Brasil nos últimos meses.

Um dos impactos positivos advirá da redução do superávit fiscal (a “gastança”, na expressão primária de alguns analistas).

Diz o Valor de hoje:

“Boa parte dos economistas estima um superávit primário (receitas menos despesas, excluindo gastos com juros) de 3% a 3,5% do PIB neste ano, bem abaixo dos 4,07% do PIB obtidos no ano passado pelo setor público (União, Estados, municípios e estatais). O economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero, lembra, contudo, que o superávit “oficial” ficou nesse nível por causa do aporte de R$ 14,2 bilhões para o Fundo Soberano, um mecanismo contábil usado pelo governo para transferir recursos fiscais de um ano para o outro.

(…) Montero projeta um superávit primário de 3,3% do PIB neste ano, considerando possível um número de 3% ou até menos. De um lado, a expansão das receitas vai perder fôlego, por causa do menor crescimento. De outro, a União já se comprometeu com despesas correntes mais altas, devido aos aumentos já contratados para o funcionalismo e ao reajuste do salário mínimo, que corrige dois terços dos benefícios da Previdência. Além disso, a promessa do governo é intensificar o ritmo de execução dos investimentos.

“Uma queda do superávit primário dessa magnitude será um estímulo importante para a atividade econômica”, ressalta ele, destacado que “a redução do esforço fiscal pode ficar próxima a 2 pontos percentuais do PIB, o que é mais do que muitos analistas projetam de crescimento para a economia neste ano”. Montero aposta numa expansão de 2,2% para o PIB em 2009, em parte por acreditar que a política fiscal terá um efeito expansionista sobre a atividade”.

Outro ponto importante são os efeitos dos investimentos públicos, especialmente da Petrobrás e das obras previstas no PAC (conforma nota colocada ontem aqui).

Um terceiro é o efeito da Bolsa Família e do aumento do salário mínimo, ajudando a fortalecer o consumo das classes C-, D e E.

Começa a tomar corpo a idéia de que a crise, no Brasil, será bem menor do que se estimava inicialmente. Mesmo assim, cautela e caldo de galinha.

A economia mundial não parou de cair. Há um artigo didático do Luiz Carlos Mendonça de Barros sobre as mudanças estruturais na economia global, com o novo padrão de consumo norte-americano (em níveis extraordinariamente baixos, graças à virtuosa “democratização do crédito”, enaltecida pelo meu colega Sardenberg).

Lições até agora da crise, que antecipamos em alguns artigos de dezembro:

1.A proatividade das políticas públicas foi essencial para segurar a peteca.

2.Passado o período de terrorismo, haveria um refluxo da ênfase às notícias ruins. Esse processo foi antecipado pelo calo doendo das empresas de mídia, com a queda da publicidade.

3.Passado o período de desova de estoques, a economia começaria, de fato, a mostrar qual o novo patamar de crescimento.

Em relação ao último item, ainda não há clareza no horizonte. Creio que só para maio se terá uma idéia melhor sobre qual o novo ritmo do crescimento.

De qualquer forma, o que importa é que jã há uma noção um pouco melhor sobre o fundo do poço. E não está sendo tão drástico quanto se supunha.

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