O último voo antinarcóticos de aviões americanos partindo da Base de Manta, no Equador, marcou ontem o fim de uma polêmica cooperação. Os EUA usam a base desde 1999, mas o presidente equatoriano, Rafael Correa, recusou-se a renovar a permissão para que os americanos continuassem no país. No dia 18 de setembro, a base será devolvida oficialmente aos equatorianos.
A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 18-07-2009.
Uma nova controvérsia, porém, já está sendo aberta em um país vizinho. Washington negocia a transferência das operações aéreas de combate às drogas do Equador para pelo menos três bases na Colômbia. Embora o acordo ainda não esteja concluído, na quarta-feira ministros colombianos participaram de um fórum em Bogotá para discutir os detalhes.
"Estamos aumentando os acordos de cooperação existentes para a nossa luta comum contra o narcotráfico e o terrorismo", anunciou o chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, para quem esses novos pactos darão "mais vigor e eficiência" à guerra contra as drogas.
Funcionários da Embaixada dos EUA em Bogotá não comentaram o assunto. No entanto, segundo uma fonte, que não quis se identificar, o acordo estará concluído em meados de agosto. A Colômbia recebe anualmente mais de US$ 550 milhões em ajuda militar americana por meio do Plano Colômbia, um programa de combate ao terrorismo e às drogas.
O novo acordo está sendo criticado por alguns analistas e políticos de oposição da Colômbia, entre eles o pré-candidato à presidência Rafael Pardo, para quem permitir o uso de instalações militares seria renunciar à soberania nacional.
"O governo do presidente Alvaro Uribe está muito ligado aos EUA", disse Bruce Bagley, especialista em combate às drogas da Universidade de Miami, nos EUA. "As bases, mesmo que nominalmente estejam sob controle da Colômbia, aprofundarão tal dependência."
Partindo da Base de Manta, os aviões americanos fizeram uma média de 800 missões aéreas por ano na última década e participaram de quase dois terços das apreensões de cocaína no Oceano Pacífico, de acordo com o Pentágono.
Segundo autoridades americanas, os voos colaboraram para o fechamento do corredor aéreo usado pelos narcotraficantes, obrigando-os a transportar a maior parte da cocaína pelo mar. Os equatorianos, contudo, têm uma avaliação diferente a respeito dos resultados obtidos com o uso da Base de Manta.
"A avaliação da utilidade da base é extremamente pobre", disse ontem o ministro da Defesa do Equador, Miguel Carvajal. "Se olharmos para as apreensões de drogas no Equador, nos daremos conta de que boa parte delas foi conseguida com esforço e informações equatorianas. A liderança que nosso país manteve, e mantém, na luta contra o narcotráfico, em nível mundial, não depende das operações em Manta."
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