O título acima é do jornal Clarín, 20-07-2009.
Por sua vez, Fabiano Maisonnave, enviado especial a San José da Costa Rica, informa que o governo interino de Honduras afirmou ontem que é "inaceitável" a restituição do presidente deposto, Manuel Zelaya, encerrando a segunda rodada de negociações para superar a crise política no país centro-americano. Alertando sobre o risco de um "derramamento de sangue", o presidente da Costa Rica e mediador do diálogo, Óscar Arias, disse que trabalhará por mais 72 horas para tentar resolver o impasse.
A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo, 20-07-2009.
"Lamento muito, mas as propostas em que o senhor [Arias] insistiu são inaceitáveis para o governo constitucional de Honduras, em particular a sua proposta número um [restituição de Zelaya]", disse o chanceler interino, Carlos López ao final do encontro, realizado na casa privada de Arias.
Numa dura crítica direta ao mandatário costa-riquenho, o representante do governo interino de Roberto Micheletti afirmou que "a pretensão de impor como presidente o senhor José Manuel Zelaya contra o direito interno da República (...) é absolutamente inaceitável".
Em seguida, foi a vez da representante de Zelaya, Rixi Moncada. Ela reafirmou que o presidente deposto havia aceitado todos os sete pontos propostos por Arias e acusou o governo interino de "intransigência" nas negociações.
"Lamentamos profundamente que essa comissão, delegada por esse regime de fato, produto de um golpe militar, não tenha expressado a sua submissão à resolução emitida pela OEAManuel Zelaya de forma imediata, segura e sem condições." (Organização dos Estados Americanos), que exige o retorno à ordem constitucional mediante a volta do presidente
O último a falar foi Arias. Após admitir que seu plano fracassara, se comprometeu a trabalhar na mediação por mais 72 horas para tentar um acordo.
"Qual é a alternativa ao diálogo? (...) Pode haver uma guerra civil e um derramamento de sangue que o povo hondurenho não merece. Portanto, a minha consciência diz que não posso renunciar a seguir trabalhando pelo menos três dias mais."
Fora de San José, o primeiro a reagir foi Zelaya. Em declarações por telefone à agência Reuters, disse que "ninguém pode impedir o meu regresso", mas afirmou que ainda não definiu como se daria a sua volta.
"O meu retorno é sem condições. Eu sou de lá, nasci lá, lá estão meu cargo e minha família."
Anteontem, Arias havia lançado um acordo de sete pontos, que começava pela restituição imediata de Zelaya à Presidência. A proposta incluía ainda a desistência "expressa" de Zelaya de propor a convocação de uma Assembleia Constituinte.
O "plano Arias" havia sido aceito ainda anteontem por Zelaya, mas a comissão de Micheletti pediu que as negociações prosseguissem ontem.
Na retomada, o governo interino apresentou pela manhã uma contraproposta pela qual Zelaya poderia voltar a Honduras não para reassumir a Presidência, mas "para que exerça o seu direito ao devido processo diante do Poder Judiciário".
O presidente deposto é acusado de "traição à pátria" e outros crimes políticos por ter insistido em realizar votação para a convocação de uma Constituinte apesar de desautorizado pela Justiça e pelo Congresso.
Zelaya foi deposto em 28 de junho, quando foi detido por militares e expulso do país de madrugada. O golpe foi condenado por ONU e OEA, que não reconhecem o novo governo.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, disse que a organização irá "manter e ampliar a pressão" sobre o governo golpista. A Chancelaria dos EUA afirmou apenas que "segue de perto" a situação.
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