A segunda reunião entre membros do governo de facto e do governo deposto de Honduras terminou ontem sem acordo, na Costa Rica, depois que representantes do presidente autoproclamado rechaçaram as duas principais propostas apresentadas pelo mediador do diálogo, o presidente costa-riquenho e Prêmio Nobel da Paz, Oscar Arias.
A notícia é do jornal O Estado de S. Paulo, 19-07-2009.
A volta ao poder do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, e a formação de um governo transitório de reconciliação foram hipóteses descartadas pelos representantes do presidente autoproclamado de Honduras, Roberto Micheletti.
A volta de Zelaya "não pode acontecer porque ele responde a mais de 15 acusações", disse a vice-chanceler do governo de facto, Martha Alvarado. Para ela, a proposta de um governo de unidade nacional também "não é aceitável".
Arias - que há uma semana havia recebido em sua residência comissões de ambos os grupos em outro encontro sem resultado - propôs ontem uma pauta com sete pontos.
Além de rechaçar os dois itens mais importantes - a volta de Zelaya e a formação de um governo de coalizão --, os representantes do governo de facto disseram que teriam de submeter qualquer outra proposta, como a anistia política e a antecipação das eleições de novembro, ao Legislativo e ao Judiciário de Honduras.
"Não é essa comissão que tem capacidade legal para decidir", disse Vilma Morales, ex-presidente da Suprema Corte de Justiça e integrante da equipe de Micheletti. "Não vamos realizar nenhum acordo sem respeito a nossas instituições e sem respeito à Constituição da República."
Enquanto o governo autoproclamado se opunha aos termos de um possível acordo, membros do governo deposto apoiavam a proposta de Arias.
"Em princípio, aceitamos todos os pontos para depois discutir os detalhes", disse Enrique Flores Lanza, membro da equipe de Zelaya. "O outro lado não aceita nada."
O aceno positivo do presidente deposto contrastou com o ultimato que ele mesmo havia apresentado antes do início da reunião na Costa Rica, quando exigiu sua recondução ao poder "no primeiro minuto de domingo (3 horas de hoje, no horário de Brasília)".
Na madrugada de ontem, o próprio presidente destituído assegurou que voltará ao país, "mas não dirá aos golpistas a data, nem a hora, nem o lugar, ou se chegará por terra, ar ou mar".
Segundo a chanceler de seu governo, Patrícia Rodas, o objetivo de Zelaya é estabelecer uma nova sede para sua administração em Honduras, de onde ele lideraria a "batalha final contra os golpistas".
As Forças Armadas hondurenhas entraram ontem em alerta máximo e aumentaram sua presença no Departamento de Olancho, região de origem de Zelaya, onde manifestantes se reuniram para exigir a volta ao poder do presidente deposto.
O Exército hondurenho tenta monitorar de perto os possíveis locais de retorno de Zelaya, que foi expulso de Honduras no dia 28 por militares que o enviaram de pijama para a Costa Rica.
Segundo os golpistas, a ação foi necessária porque o presidente queria violar a Constituição hondurenha, organizando uma consulta popular para alterar a Carta.
Para os golpistas, a iniciativa seria uma indicação de que Zelaya pretendia seguir o caminho do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Representantes dos EUA tentam convencer o presidente deposto a aguardar um acordo.
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