Os lojistas da rua Oscar Freire, templo de consumo e ostentação nos Jardins paulistanos, criaram uma engenhosa fórmula para afugentar os moradores de rua da região. Trata-se do vale-esmola. As empresas distribuem os cupons entre os clientes e os orientam a entregar o papel aos pedintes, em vez de oferecer doações em dinheiro. O “vale-valor”, como a iniciativa foi batizada, só pode ser descontado na Casa Restaura-me, entidade assistencial localizada no Brás e distante cerca de 15 quilômetros das reluzentes vitrines de joalherias e grifes estrangeiras da rua.
A reportagem é da revista Carta Capital em seu sítio, 17-07-2009.
A instituição de caridade, que atende 400 moradores de rua por dia, recebe os donativos recolhidos em cofrinhos de papelão pelos lojistas do bairro abastado. Mas, até a terça-feira 14, não havia atendido um único pedinte da próspera rua disposto a trocar o vale. “Para esse morador de rua deixar a região dos Jardins, onde circulam pessoas de alto poder aquisitivo, para vir ao Brás, isso é um trabalho que pode levar tempo”, disse Cássio Giorgetti, diretor da instituição, à TV Globo.
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