"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, julho 21, 2009

Ferrovias: o início do desmonte

Blog do Luis Nassif - 19/07/09

Por Andre Araujo

O desmonte do outrora eficiente sistema ferroviario de passageiros no Brasil não se deu nos governos militares, como aqui constou em muitos comentarios. Começou de fato a partir de 1937, quando por razões populistas o Estado Novo congelou o preço das passagens, o que levou as empresas, a maioria particulares, a ter prejuizo e não mais investir na rede.

Com a Segunda Guerra e a crise cambial inglesa, decorrente da guerra, as companhias de capital britanico foram vendidas ao Governo Federal e a partir dai a gestão caiu de qualidade, foram feitos poucos investimentos (exceto na eletrificação), aparecem desvios, corrupção e empreguismo, levando todo o sistema à decadência, com a clientela caindo ano a ano.

A unica rede privada que sobrou após 1947 foi a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, uma excelente ferrovia, de padrão europeu, estatizada pelo Governador Carvalho Pinto praticamente sem indenização aos seus 20.000 acionistas. um ato demagófico que levou logo essa empresa modelar ao padrão das outras redes estatais. Com o Governo JK foi dada total prioridade ao rodoviarismo em detrimento da ferrovia, a industria automobilistica se encarregou do lobby pro-rodovias.

Os governos militares apenas enterraram um sistema que ja estava morto em 1964 e o Brasil virou o unico grande pais em extensão territorial que não tem sistema ferroviario de passageiros. Russia, China, India e Canada tem vastas redes ferroviarias de passageiros, sendo o onibus secundário em relação ao trem. Nas privatizações de ferrovias, no Governo FHC perdeu-se uma chance de ouro para reinstalar os trens de passageiros, quando poderia se ter exigido dos compradores esse serviço, como fez a Argentina. Lá privatizou-se com a condição de todas as linhas terem trens de passageiros e lá., a mesma ALL que é a maior concessionaria no Brasil, carrega pasageiros, não aqui, porque ninguem exigiu que fizessem. A morte do sistema ferroviario de passageiros no Brasil é uma triste história que deve envergonhar todos os brasileiros. Hoje se levam crianças a trens turisticos (Campos do Jordão, Tiradentes) para conhecer um trem, como se fosse coisa de um passado longinquo. Nos EUA, com o maior sistema aereo do mundo, foram mantidos os trens de passageiros a custo de subsidio do Governo Fderal, através de uma empresa especialmente criada, a AMTRAK, que tem 25.000 funcionarios e opera os trens nos trilhos de empresas privadas. Portanto, não tem sentido o trem-bala antes de se reimplantar uma rede básica de trens de passageiros nos principais troncos do Pais, o trem bala sendo a etapa mais avançada de um sistema maior.

O trem bala é ao final um trem de luxo, de elite e não tem sentido implanta-lo sem que existem trens comuns para o povo.

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