Os Estados Unidos suprirão em três bases militares colombianas as operações antidrogas que deixarão de realizar a partir da base equatoriana de Manta, segundo um acordo negociado por Bogotá e Washington. A oposição fala de desrespeito à Constituição e perda de soberania.
A reportagem é de Katalina Vásquez Guzmán e publicada pelo jornal Página/12,Cepat. 17-03-2009. A tradução é do
A Colômbia e os Estados Unidos assinaram um acordo para que mais militares norte-americanos se instalem no país latino-americano. Seriam 800 militares e 600 contratados estrangeiros nas três bases da Colômbia. O Conselho de Estado e o Congresso da República, que está em recesso, não foram consultados a respeito o que suscitou fortes críticas nestes estamentos e junto à oposição. Além disso, a decisão foi interpretada por muitos como uma reação ao fechamento da base militar de Manta, no Equador – vence nesta sexta-feira o prazo para que um contingente norte-americano que ocupa o país vizinho desde 1999 se retire do território, como ordenou o presidente Rafael Correa faz um ano.
O ministro da Defesa da Colômbia, general Fredy Padilla, negou que os fatos tenham relação e disse que se trata de “um esquema de cooperação moderna”. O presidente Alvaro Uribe afirmou que se trata de “obter acordos, com países como os Estados Unidos para que, com todo o respeito à Constituição colombiana e a autonomia da Colômbia, nos ajudem nessa batalha contra o terrorismo, contra o narcotráfico – o acordo é de maior conveniência para o país”, disse ele.
De sua parte, o Conselho de Estado se manifestou preocupado pela decisão e pediu explicações. Rafael Ostau Delafont, presidente do Conselho, lembrou à imprensa um artigo da Constituição, o de que “o Executivo deve ter pleno conhecimento”. O artigo 189 diz que cabe ao presidente da República “permitir, em recesso do Senado, em consulta direta ao Conselho de Estado, sobre o trânsito de tropas estrangeiras pelo território da República”, o que contradiz a afirmação de Uribe sobre o respeito à Constituição. Na última hora de quarta-feira, chegou uma reparação. Num comunicado, o Ministério de Relações Internacionais abriu um diálogo preliminar com o mencionado Conselho.
Os militares dos Estados Unidos se instalarão no Caribe colombiano de Malambo (Norte), na localidade de Palanquero (Centro) e na base de Apiay (Sudoeste). Nos próximos dias poderão somar-se também às bases de Tolemaida (Centro) e Larandia (Sul), segundo o general Padilla. Na Colômbia, atualmente há presença de militares norte-americanos desde o Norte até o Sul do país. A maior base está em Três Esquinas, Caquetá (Sul); há mais uma em Villavicencio, Meta (Centro), e em Florencia está a base da Fazenda Larandia, onde se localiza a chamada “inteligência técnica”, do Pentágono.
O ministro do Interior e de Justiça, Fabio Valencia Cossio, explicou que o acordo de ontem não significa que haverá mais bases militares estadunidenses na Colômbia. À Caracol RádioManta”. afirmou que a autorização de chegada de militares norte-americanos tem o objetivo de prestar assessoria técnica em parceria com as Forças Militares colombianas. “Não haverá nenhuma restrição em nenhuma base para as autoridades colombianas, apenas se aceitará essa assessoria”, destacou assinalando que tudo isso “não tem nada a ver com a base de
Vários parlamentares rejeitaram a autorização e disseram que para os tratados internacionais é obrigatória a aprovação do Congresso. Expressaram-se dessa forma o senador liberal Juan Manuel Galán e Jairo Clopatofsky, do Partido U. Para a oposição, a “soberania colombiana está encolhida, estamos entregando a nossa soberania, estamos nos comportando como um país súdito dos Estados Unidos”, disse Carlos Gaviria do Polo Democrático Alternativo.
Segundo AFP, os “Estados Unidos suprirão em três bases militares colombianas as operações antidrogas que deixará de realizar desde a base equatoriana de Manta, segundo um acordo negociado por Bogotá e Washington, sem restrições por parte da Colômbia”. No Palácio de Nariño se repetiu que o acordo “cumpre a Constituição e a lei” e que não se trata de uma imposição dos Estados Unidos.
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