"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, setembro 05, 2008

Gazprom quer entrar em Portugal através da Nigéria

darussia.blogspot.com - 04/09/08




A empresa gasífera russa Gazprom e a Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC) assinaram ontem em Moscovo um memorando sobre a criação de um empresa conjunta, que se irá dedicar a estudos geológicos, extracção, transporte de hidrocarbonetos, construção de infraestruturas energéticas na Nigéria.
Especialistas citados pela imprensa russa consideram que a cooperação com a Nigéria permitirá à Gazprom entrar nos mercados de Espanha e Portugal, onde a empresa russa ainda praticamente não está presente.
A Nigéria é um dos maiores produtores de hidrocarbonetos em África. As reservas de petróleo conhecidas são superiores a 9 mil milhões de toneladas, as de gás – 5,2 biliões de metros cúbicos. Essa país africano condensa 40 por cento do gás extraído (24,1 mil milhões de três cúbicos por ano).
Em Janeiro passado, tornou-se conhecida a existência de conversações entre a Gazprom e a NNPC e a empresa russa mostrou-se pronta a investir 2,5 mil milhões de dólares na extracção e transporte do gás no delta do rio Níger.
Em Junho, o Governo nigeriano convidou o consórcio russo a participar na construção de um gasoduto de 4300 quilómetros, através do deserto do Sara, que se poderá transformar no maior meio de fornecimento de gás à Europa. A concretização do projecto deverá custar cerca de 13 mil milhões de dólares e o gasoduto entrará em funcionamento em 2015.
Por enquanto, a Gazprom não tem pressa em revelar a sua posição face a essa proposta.
“Para começar, é preciso criar uma empresa conjunta, as questões posteriores serão alvo de conversações”, declaram fontes da Gazprom ao diário económico russo Rbc-daily.
“Se a Gazprom conseguir o direito de exploração de hidrocarbonetos na Nigéria e de participar no gasoduto através do Sara, isso reforçará significativamente as suas posições no mercado europeu. Nomeadamente, permitirá entrar nos mercados de Espanha e Portugal, onde a empresa russa praticamente não está presente”, declrou Serguei Pravossudov, director do Instituto da Energia Nacional.
Svetlana Savtchenko, directora do Departamento de Investimentos da empresa 2K Audit, considera que, tendo em conta a instabilidade política na Nigéria e o envolvimento da Gazprom em numerosos projectos na Rússia, a empresa russa não deverá fazer investimentos de imediato.
“A julgar por tudo, o memorando sobre a cooperação foi assinado a olhar para o futuro. Devido ao esgotamento das reservas de gás, dentro em breve, os jazigos nigerianos tornar-se-ão muito atraentes”, sublinha.
Natalia Ovsiannikova, do Instituto dos Problemas dos Monopólios Naturais, considera que esses projectos poderão provocar uma reacção muito negativa da União Europeia, “que já está demasiadamente preocupada com a sua dependência em relação ao gás da Gazprom”.
“À luz do que foi dito, a Rússia poderá utilizar a Nigéria para exercer pressão sobre o mercado do gás dos países da UE”, sublinhou.

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