O Globo
Exército nega que equipamento de varredura da Abin faça grampo
Comandante da Força contesta informação passada por Jobim a Lula
Jailton de Carvalho, Cristiane Jungblut e Chico de Gois (clique aqui)
BRASÍLIA. O comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, confirmou ontem que o Exército comprou, a pedido do Gabinete de Segurança Institucional, um equipamento de varredura de grampos telefônicos usado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Seria o equipamento mencionado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, em reunião segunda-feira com o presidente Lula, para defender a demissão da direção da Abin, sob a alegação de que a agência faz escutas. O general, que é subordinado a Jobim, garantiu, no entanto, que o equipamento só detecta grampos e não pode fazer escutas telefônicas. Ontem, Jobim não quis falar sobre o assunto.
O Oscor 5000, importado dos EUA, é composto por um computador portátil do tamanho de uma maleta 007.
— (O equipamento) foi comprado pelo Exército para o GSI . É para varredura — disse o comandante do Exército, depois da posse no STJ.
Dois representantes da empresa americana Research Eletronic International (REI), a fabricante do Oscor, também afirmaram que o aparelho não faz escutas telefônicas. A intervenção de Jobim na reunião com Lula foi decisiva para o afastamento do delegado Paulo Lacerda do comando da Abin. Jobim mencionou a existência de uma maleta e citou os nomes de dois assessores de Lacerda, um deles o delegado Renato da Porciúncula, ex-diretor de Inteligência da PF.
A partir daí, Lula teria concordado com o afastamento temporário de Lacerda.
Anteontem, quando soube que Jobim falou da maleta para pôr a Abin como suspeita do suposto grampo no gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, Lacerda reagiu: — O Jobim deu um tiro no pé. O Exército tem este equipamento.
A Procuradoria Geral da República tem dois Oscors. O STF, o Superior Tribunal de Justiça e o Senado, entre outros órgãos, também têm o equipamento.
Dirigentes de duas grandes empresas de equipamentos de espionagem confirmaram as explicações da Abin sobre o Oscor. O equipamento capta transmissões de rádio e TV, mas não decodifica conversas em telefones fixos ou celulares. Os especialistas informaram, no entanto, que existe outro equipamento, conhecido como maleta do grampo, que pode fazer escutas de celular de cem metros a um quilômetro de distância do aparelho.
O equipamento custa entre R$ 500 mil e R$ 1,5 milhão e só pode ser vendido para instituições policiais. Para fazer a escuta, basta saber o número e a localização aproximada do celular. O sistema indica na tela todos os celulares em uso em determinada área.
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