O delegado Protógenes Queiroz, que comandou a primeira fase da Operação Satiagraha - e prendeu duas vezes o banqueiro Daniel Dantas – deu entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, na Rede TV!, no último domingo, e reafirmou que foi perseguido dentro da PF por investigar Dantas.
Afirma que o delegado Amaro Vieira, responsável pelo inquérito que denuncia suposta conduta irregular de Protógenes, não tem isenção para investigá-lo.
Para Protógenes, Amaro Vieira foi transferido de São Paulo a Brasília para conduzir, a toque de caixa, uma investigação que ouviu centenas de testemunhas e acusou a ele, Protógenes, de quebra de sigilo funcional. “Na semana seguinte ao indiciamento, a defesa de Daniel Dantas usou esse inquérito como argumento para tentar um habeas corpus no Tribunal Regional Federal”, disse.
Protógenes evita dar nomes aos responsáveis pela perseguição. “Não vou dizer que é A ou B, mas tudo isso não é mera coincidência e precisa ser investigado”, afirma.
A denúncia sobre a perseguição foi apresentada por ele ao Ministério Público Federal, completa o delegado.
Grampo sem áudio
Sobre o suposto grampo que teria registrado uma conversa entre o presidente do STF, Gilmar Mendes, e o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), Protógenes fez críticas a ambos. “Duas autoridades públicas deveriam ter mais cautela ao relatar essa suposta interceptação. Se não tem a captação de voz, não tem áudio, não se tem materialidade para atribuir a alguém a prática de algum crime”, disse.
“A Operação Satiagraha foi auditada em várias instâncias para tentar encontrar alguma interceptação clandestina e não se chegou a nenhum fragmento disso”, pontou.
Protógenes defendeu o trabalho realizado na Satiagraha. Argumentou que as críticas sobre a suposta fragilidade da investigação não se sustentam. Segundo ele, se houvesse inconsistência nas provas, autoridades americanas não teriam bloqueado quase US$ 3 bilhões de Daniel Dantas. “A Justiça americana é mais conservadora que a nossa e não decretaria o bloqueio se não houvesse provas suficientes”, disse.
Para o delegado, a comparação entre as denúncias aceitas pela Justiça contra Daniel Dantas – além da condenação que o banqueiro recebeu por tentativa de suborno de um delegado – comprovam a qualidade da Satiagraha.
“O resultado está ai. Basta comparar o que foi produzido pela Operação Satiagraha com o que foi produzido contra mim”, diz.
A origem de todas as irregularidades apuradas pela Operação Satiagraha veio do governo Fernando Henrique Cardoso – considera Protogenes. A gênese da corrupção nasceu com a proposta do Estado Mínimo, com a política de privatizações do governo tucano.
Assista à íntegra da entrevista de Protógenes ao É Notícia, da Rede TV!
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