O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, defendeu mais gastos públicos para estimular o crescimento econômico global. Em entrevista ontem à rádio BBC, ele disse temer que as medidas anunciadas pelo G-20 (grupo formado pelos países ricos e emergentes mais importantes) no mês passado não serão suficientes para conter os efeitos da crise.
Strauss-Kahn também alertou que o FMI deve reduzir, em janeiro, suas projeções para o crescimento da economia global em 2009. Em novembro, o Fundo reviu sua previsão de crescimento global de 3% para 2,2%.
— Estou particularmente preocupado com o fato de que nossa previsão, já muito negativa, vai ser ainda mais negativa se um estímulo fiscal apropriado não for colocado em prática — disse Strauss-Kahn.
O presidente do Banco da Espanha, Miguel Angel Fernandez Ordoñez, também fez ontem previsões sombrias, não descartando uma depressão em 2009.
Em entrevista ao jornal “El País”, ele disse que até pode haver uma retomada da economia, graças à queda dos preços do petróleo e ao corte de juros. “Mas podemos também entrar num círculo vicioso em que os consumidores não consomem, as empresas demitem e os bancos não emprestam. Isso nos levaria a uma grande depressão, o que não pode ser descartado”.
Para Strauss-Kahn, um pacote, para ser significativo, teria de ser equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e riquezas produzidos) global, ou de cerca de US$ 1,2 trilhão (R$ 2,9 trilhões).
Apesar de admitir que o nível de endividamento em vários países é preocupante, ele afirmou que, na situação atual, esse é o menor dos males. Para Strauss-Kahn, a recessão é a grande questão e os governos devem estar dispostos a gastar mais para estimular a economia, ou “toda a sociedade vai sofrer”.
O receituário do FMI para os países em crise sempre foi o corte de gastos.
A Irlanda anunciou ontem que vai injetar € 5,5 bilhões (US$ 7,65 bilhões) nos três maiores bancos do país. O Anglo Irish receberá € 1,5 bilhão em troca de uma participação de 75%, e o Banco da Irlanda e o Allied Irish, € 2 bilhões por uma fatia de 25%. O conselheiro do Banco Central Europeu (BCE) Lorenzo Bini Smaghi disse ontem que o órgão não seguirá EUA e Japão, que levaram seus juros a quase zero.
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