A responsabilidade do dono e do editor da Folha são maiores do que a do repórter
. Uma boa parte da edição do Roda Morta de ontem com o ínclito delegado Protógenes Queiroz e representantes do PiG se travou em torno de uma reportagem da Folha (da Tarde *) que serviu de motivo para Daniel Dantas buscar os HCs que, por fim, Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat), Supremo Presidente do Supremo concedeu.
. O funcionário da Folha (*) presente ao debate defendeu a reportagem – e o emprego.
. O ínclito delegado Protógenes Queiroz explicou que os trechos do relatório que o funcionário da Folha (*) reproduzia – se é que eram de fato do relatório que está nas mãos do juiz Fausto De Sanctis – eram demonstrações – e só uma parte delas – da participação da repórter nas operações da famiglia Dantas.
. O funcionário da Folha (*) dizia que aquilo era um furo de reportagem.
. Protógenes, que aquilo foi uma “encomenda” de Dantas.
. Tanto que Protógenes pediu prisão da repórter e um mandado de busca e apreensão.
. O Ministério Público Federal concordou.
. O Juiz Fausto De Sanctis não concordou.
. E não houve prisão nem busca nem apreensão.
. A divulgação de outros trechos do relatório de Protógenes, e do próprio delegado Ricardo Saadi, que substituiu Protógenes, mostrou que a “reportagem” foi a senha para que Dantas e sua famiglia se movimentassem para:
1) tentar subornar Protógenes;
2) obter um HC no Supremo com Eros Grau, ou, de preferência, com Gilmar Dantas (segundo Ricardo Noblat).
. Tão importante quanto o que a repórter fez é o que a Folha (*) fez.
. Mais importante que a Andrea Michael é a Folha (*).
. A Folha (*) guardou a reportagem na gaveta por mais de duas semanas.
. Só publicou a reportagem DEPOIS de que a própria Folha (*), numa manchete de Guilherme Bastos, na primeira página, de fora-a-fora, fundou a “BrOi”.
. A reportagem de Andrea Michael saiu assim, de fininho, como se fosse um acidente, um “side” na história da “BrOi”.
. Foi publicada com tal recato e dissimulação que não mereceu chamada na primeira página.
. Se fosse mesmo um “furo” das Arábias, um Watergate, e não uma reportagem de “encomenda”, o “furo” teria sido primeira página, não é isso, caro leitor ?
. O Conversa Afiada já divulgou que Andrea Michael recebeu essa informação – de que Dantas seria preso por Protógenes – numa reunião de que participaram Protógenes e um membro da alta cúpula da Polícia Federal.
. Porque Protógenes disse que não conversaria com ela sem um terceiro na sala.
. Protógenes, nessa reunião, negou que chefiasse uma investigação contra Dantas.
. Esse terceiro personagem, que o Ministério Público Federal investiga, porque faz parte do grupo da alta cúpula da PF que boicotou o trabalho de Protógenes, foi quem vazou a informação de que Protógenes chefiava a investigação.
. Nenhum repórter do mundo publica uma reportagem dessas quando quer.
. Uma reportagem que envolve a Polícia Federal, um banqueiro bandido (segundo Protógenes Queiroz) e o Supremo Tribunal Federal – é muita areia para o caminhão de um repórter.
. Uma reportagem que anuncia a prisão iminente de um “banqueiro bandido” (como diz Protógenes Queiroz) só é publicada depois que a direção da redação e, nesse caso, o próprio dono lê.
. A decisão de publicar; a decisão de segurar por mais de duas semanas; a decisão de misturar no meio do noticiário da “BrOi”; a decisão de “esconder” a reportagem da primeira página – essas são decisões do editor chefe e/ou do dono da Folha.
. E foi ele, o dono, quem saiu protegido do Roda Morta.
. E, não, a repórter.
Por Paulo Henrique Amorim
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