Ao cimentar a parceria "privilegiada" entre Brasil e França na área da Defesa, com a assinatura de dois acordos que podem somar US$ 8,3 bilhões, o presidente Luiz Inácio Lula da SilvaNicolas Sarkozy, Lula disse que a capacidade militar é a condição "inexorável" para que um país "se transforme em uma potência e seja respeitado no mundo inteiro". indicou seu objetivo de fazer do País uma potência militar - ao menos em termos regionais. Em discurso ao final da assinatura desses compromissos bilaterais, ao lado do presidente da França,
A reportagem é de Denise Chrispim Marin e publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 24-12-2008.
"É preciso que o Brasil assuma a grandeza que Deus lhe deu quando criou o mundo e que os nossos diplomatas nos deram quando fizeram a divisão do espaço geográfico, no século passado", afirmou Lula. "É preciso que a gente tenha clareza de que dar importância às Forças Armadas significa dotar o Brasil de conhecimento tecnológico. É exatamente isso que a França oferece ao Brasil."
Lula deixou claro que o ambicionado poderio militar brasileiro não terá vocação para o ataque. Didático, elencou a necessidade de defesa de um "país que tem a coragem e a capacidade de dizer não" e que conta com a Amazônia, com reservas de petróleo na sua plataforma continental, com 8.000 quilômetros de costa marítima e com boa parte da água doce do mundo. Conforme destacou, um país como esse "não pode prescindir de estar altamente preparado" para a defesa.
Dirigindo-se a Sarkozy, Lula ressaltou a importância "histórica" dos contratos assinados minutos antes na área da Defesa - o efeito prático de maior relevância da visita oficial do presidente francês ao Brasil. O primeiro, com custo que pode chegar a US$ 2,6 bilhões, envolve a compra de 51 helicópteros da Europter France, que serão montados pela Helibrás em Itajubá (MG) e entregues à Força Aérea Brasileira (FAB).
O segundo contrato se refere à aquisição, pela Marinha do Brasil, de quatro submarinos convencionais Scorpéne e ao apoio da França para a concepção e construção da parte não-nuclear do primeiro submarino com propulsão nuclear. Trata-se de uma operação estimada em US$ 5,7 bilhões. Ambos os contratos trazem uma cláusula repudiada na maior parte dos acordos em áreas sensíveis como essa - a transferência de tecnologia francesa ao País.
Sarkozy deixou claro que, ao estimular a parceria entre os governos e as empresas dos dois países na área de Defesa, espera "irradiar" a ação das companhias francesas pela América do Sul.
Os contratos tiveram como suporte legal o Plano de Ação da Parceria Estratégica, também assinado ontem. Além de destacar que o "Brasil e a França serão, um para o outro, parceiros privilegiados na área de Defesa", esse guia da cooperação bilateral prevê a conjugação de esforços para a reforma da governança internacional, cria um grupo de trabalho na área econômico-comercial e envolve a aproximação de posições nas discussões sobre mudança do clima.
"Um Brasil poderoso será um elemento de estabilidade no mundo", afirmou Sarkozy. "Queremos que o Brasil possa ascender à governança mundial, queremos que a liderança do presidente Lula seja compreendida, assim como a nossa mensagem em favor da refundação do sistema financeiro global", acrescentou.
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