O prestigioso lingüista e teórico político norte-americano Noam Chomsky advertiu ontem, em São Paulo, que “haverá muitos desapontados” com as políticas do próximo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, após mostrar-se surpreso pela formação do futuro gabinete. “Aqueles que escolheram se iludir sem dúvida vão ficar desapontados”, disse ChomslyFolha de S.Paulo, no dia em que completava 80 anos. em uma entrevista ao jornal
A reportagem é do jornal Página/12, 09-12-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Apesar de sua enorme contribuição à ciência do século XX, fora do âmbito acadêmico, ChomskyEstados Unidos e do Estado de Israel. Chomsky, famoso por suas posições de esquerda, disse porém que “não é culpa de Obama”, pois ele “nunca se apresentou como outra coisa além de um democrata familiar de centro, mais ou menos no molde de Bill Clinton”. O teórico político se mostrou ainda surpreso pela formação do gabinete da futura administração e destacou que “não esperava muito”, mas ficou “surpreso” pela nomeação de Hillary Clinton como secretária de Estado e pela permanência do secretário Robert Gates no Departamento de Defesa. é muito mais conhecido por seu ativismo político e suas duras críticas à política exterior dos
Ambas as nomeações, explicou o professor emérito de Lingüística no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), são tão indicativas da “não-mudança” e da “não-esperança” que Obama se sentiu obrigado a explicar que seu governo terá como base a experiência e a visão. “Isso deve confortar os incrédulos”, disse o professor.
Em junho deste ano, o ativista político afirmou que os democratas obteriam a maioria no Senado e no Congresso sob a liderança de Barack Obama, mas que o republicano John McCain ganharia as eleições presidenciais. As duas razões que apontava eram o racismo que subsiste na sociedade norte-americana, sobretudo no sul do país, e a falta de escrúpulos dos republicanos na hora de desqualificar seus rivais.
Na entrevista, Chomsky criticou ainda duramente o sistema estadunidense de construção midiática dos candidatos. A indústria de relações públicas, que apregoa abertamente vender os candidatos da mesma maneira que vende mercadorias, deu seu prêmio anual na categoria ‘melhor marketing’ à venda da ‘marca Obama’, disse o lingüista. Esse modelo – continuou – é muito claramente não-democrático, um tipo de ditadura por escolha, uma construção política na qual o público – observadores intrusos e ignorante – são ‘espectadores da ação’, não ‘participantes’”. Chomsky atribuiu a vitória de um afro-americano pela primeira na história dos Estados Unidos “ao ativismo dos anos 60, que teve um efeito civilizador”.
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