É correta a percepção de alguns jornalistas, de que o gato de Henrique Meirelles subiu no telhado. Não apenas o presidente da República, como os olhos do país, estarão voltados para a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). Se mantiver a taxa Selic no patamar atual, haverá um terremoto.
Algumas observações, antes de se pensar na queda de Meirelles.
1. A gestão cambial irresponsável do Banco Central colocou o crescimento do país em uma sinuca de bico. Gerou vulnerabilidades externas, mesmo no período de cotações recordes de commodities. Fez com que manufaturados brasileiros perdessem não apenas espaço em um comércio mundial em alta, como caísse a quantidade vendida. O real super-apreciado criou um processo de substituição de insumos nacionais por importados e abriu espaço para a grande crise dos derivativos tóxicos. Se Lula conseguir preservar parte do dinamismo da economia no próximo ano, há o risco do gargalo externo.
2. Até agora, Henrique Meirelles surfou na popularidade desse populismo cambial. Foi festejado pelas finanças internacionais como o presidente de Banco Central que permitiu os maiores lucros fáceis da moderna história do capitalismo financeiro. Além disso, a miopia ideológica da mídia localcriou uma blindagem, colocando-o como avalista da estabilidade.
3. Agora, que haverá uma conta a ser paga, tudo o que Meirelles deseja é sair como herói dessa aventura. Por isso mesmo, a probabilidade maior é que endureça na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) para criar o álibi para sua saída. Como os próximos tempos serão sensivelmente piores do que nos últimos anos, e dada a cegueira ideológica da mídia, Meirelles deixará a conta para o sucessor e sairá como herói.
4. Por isso mesmo, sua substituição terá que ser uma obra bem feita de engenharia política.
Nenhum comentário:
Postar um comentário