O “babaca” do Otavinho e a política externa
por Altamiro Borges, em seu blog
O chefão da Folha, Otavio Frias Filho, saiu da moita para atacar pessoalmente a política externa do governo Lula. Antes, ele terceirizava esta tarefa para seus jagunços de aluguel. Mas, parece, Otavinho está muito preocupado com a postura “ingênua e errática” do Itamaraty. O seu temor é que ela agrave as tensões com os EUA, o império tão endeusado pelas elites nativas. Para ele, o Brasil não deveria se intrometer nos conflitos internacionais, em especial no Oriente Médio.
Em artigo publicado na semana passada, ele soltou várias pérolas do servilismo colonizado. Ele avalia que o atual governo só comete erros na política externa – bem diferente do que pensam famosas lideranças mundiais, que inclusive passaram a defender o nome de Lula para secretário-geral da ONU. “Talvez seja a nossa inexperiência no palco do mundo, combinada à afoiteza do governo Lula em projetar a todo custo o peso geopolítico que o país já alcançou, o que nos leva a cometer equívocos em cascata e enveredar por um caminho temerário”, afirmou o sabichão.
Porta-voz do império e dos sionistas
Como porta-voz do império, Otavinho opina que os EUA “influem e se intrometem nos conflitos [do Oriente Médio] não para pavonear seu peso mundial, como parecem supor o nosso simplório presidente e o seu trêfego chanceler”. Dependente do petróleo, o império teria motivos reais para interferir; já o Brasil, uma nação periférica, deveria ficar caladinho no seu canto. Ele critica ainda a postura mais altiva do governo Lula na questão palestina. “A nossa ‘diplomacia do futebol’ tem pouco a fazer ali, exceto passar ridículo”, garante Otavinho, que mais parece um lobista sionista.
Ele também rejeita qualquer relação do Brasil com o Irã. “O que estamos fazendo é uma política errática, cheia de distorções seletivas, de modo que a questão dos direitos humanos, por exemplo, deixa de ter qualquer valor no trato com inimigos de Washington, os quais adulamos para sermos vistos como ‘independentes’”. Para ele, esta conduta é pura provocação. Ele lembra que o novo embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, recentemente fez ameaças veladas ao governo Lula. “Vamos começar a nos esbarrar por ai”, rosnou o prepotente serviçal de Barack Obama.
Otavinho para chanceler de Serra
Otavinho deve ter urinado nas calças. “Não precisamos buscar sarnas para nos coçar”, lamuriou. Por isso, ele propõe uma postura mais passiva e dócil da diplomacia brasileira, talvez um retorno ao “alinhamento automático” de FHC com os EUA. “Vamos confrontar os Estados Unidos, sim, e cada vez mais. Mas vamos fazê-lo quando for relevante ao Brasil, não para realizar as fantasias ideológicas da militância que aplaude o presidente Lula e seu chanceler Celso Amorim, o qual errou mais uma vez quando se filiou no ano passado ao PT. Chanceler não deveria ter partido”.
Por que o diretor da Folha nunca criticou Celso Lafer, o chanceler de FHC que ficou famoso ao tirar seus sapatinhos nos aeroportos dos EUA num gesto de servilismo, por ele ser um quadro do PSDB? Já que propõe cautela diante do império, por que não aproveitou para criticar a chanceler Hilary Clinton pela liderança no Partido Democrata dos EUA? Será que o “simplório” Otavinho – no dicionário, o termo também equivale a “tolo” e a “babaca” – já estaria postulando a vaga de ministro das Relações Exteriores num futuro, e cada vez mais distante, governo José Serra?
Por coincidência, na mesma semana em que Otavinho saiu da moita, o ex-presidente FHC voltou à carga contra a política externa do governo Lula. A insônia de José Serra deve ter se piorado, já que cada vez que ele arrota as suas besteiras, o presidenciável tucano perde pontos nas pesquisas. Numa palestra na Academia Brasileira de Letras, registrada na FSP (Folha Serra Presidente), ele pregou “uma relação mais estreita com os Estados Unidos” e defendeu que o Brasil exerça uma “ação de moderação na América Latina” – com certeza, contra o “radicalismo” de Hugo Chávez, Evo Morales, Raul Castro e outros governantes da região. Otavinho, FHC e Serra se merecem!
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