"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

segunda-feira, março 22, 2010

‘Não são mais os países que têm empresas, mas empresas que têm países’

Instituto Humanitas Unisinos - 22 mar 10

“O que estamos observando nessas duas últimas décadas de predomínio da globalização, sobretudo financeira, e de desregulamentação do próprio Estado, é a constituição de grandes corporações transnacionais. Falava-se, antes da crise de 2008, da emergência de pelo menos 500 grandes corporações transnacionais, que dominariam todos os setores da atividade econômica. Nesse circuito de hipermonopolização do capital, os países que não tiverem grandes grupos econômicos e não forem capazes de fazer parte desses 500 grupos, de certa maneira, estarão de fora, alijados da competição de tal forma que passariam a ter um papel passivo e subordinado ao circuito de decisões desses 500 grupos. Então, a opção brasileira é se aproximar da concentração desses gigantes para, de certa maneira, fazer parte desse circuito de poucas, mas grandes empresas”. A análise é de Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Aplicadas – IPEA, em entrevista concedida à revista IHU On-line desta semana.

Segundo ele, “a crise de 2008 mostrou que as grandes corporações privadas são tão grandes que podem quebrar, uma vez que o seu fracasso, enquanto setor econômico, colocaria por terra, inclusive, o próprio sistema econômico. Portanto, é crescente a presença do Estado em qualquer setor econômico com o objetivo de fazer parte desse seleto grupo de corporações transnacionais, que cada vez mais são mistas diante de um espaço tão crescente de recursos públicos. Essa é a lógica do capitalismo, que, de certa maneira, faz com que desmorone a concepção dos Estados nacionais”.

Assim, constata Pochmann, “nós estamos numa fase em que não são mais os países que têm empresas, mas empresas que têm países diante da dimensão das corporações com um faturamento, em grande parte das vezes, superior ao PIB dos países nacionais. Então, não há outra alternativa, no meu modo de ver, que não seja a construção desses grupos”.

Considerando fundamental o reposicionamento do Estado brasileiro, o economista defende que este, no entanto, “não pode deixar de lado outras dimensões que dizem respeito à natureza de um Estado capitalista, que está relacionado à necessidade crescente de reinvenção do mercado, especialmente no nosso país, onde 98% das empresas são constituídas de micro e pequenos empreendedores, que respondem por dois terços do emprego nacional”.

Assim, segundo Pochmann, “é papel do Estado reorganizar esses grupos econômicos para que eles possam competir nessa nova ordem econômica internacional. Particularmente, penso que seria adequado a construção de um ministério apropriado para os pequenos empreendimentos, que vão desde a economia solidária até a economia popular. A criação de um sistema de crédito, de assistência técnica, de orientação e capacitação no comércio interno e externo, até mesmo a construção de um banco público de financiamento para esse setor também são relevantes”.

Por enquanto as grandes corporações ainda não criam leis (apesar de controlarem o legislativo de vários países, até mesmo os ricos). Creio que o Estado (entenda-se população em geral) deve propor rígido controle sobre esses grupos, para que uma parcela de seus lucros e ganhos possam ser redistribuídos beneficiando a sociedade em geral. Como aparece no documentário Corporation, as grandes corporações tem como único objetivo o lucro de seus acionários, independente do que esses lucros possam causar de prejuízo para o restante da sociedade. Não nos convém dizer se isso é certo ou errado, é assim, é da sua natureza, como é a do tubarão se alimentar de outros animais.
Nesse caso devemos controlar o acesso ao alimento do tubarão, fornecer-lhe doses homeopáticas de alimento, ou forçá-lo a não se alimentar de toda a sua caça, permitindo sua divisão com os peixes menores.

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