O governo decidiu tentar reaquecer o mercado de carros usados, liberando uma linha especial de crédito de R$ 200 milhões para o capital de giro de agências de veículos. A liberação dos recursos foi aprovada ontem pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao TrabalhadorCodefat) e vai beneficiar um setor que engloba 42 mil revendedoras. (
A reportagem é de Gerusa Marques e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 12-02-2009.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse que a medida foi tomada porque o segmento de revenda de carros usados foi o que sofreu o maior impacto da crise financeira internacional no setor automotivo. A estimativa de empresários do setor é de que haja em torno de 1 milhão de carros usados encalhados nas agências.
A decisão é mais uma medida com o objetivo de reanimar o setor automobilístico. No ano passado, o governo federal já havia liberado R$ 4 bilhões para financeiras ligadas a montadoras, por meio de linhas de crédito do Banco do Brasil. O setor recebeu ainda outros R$ 4 bilhões da Nossa Caixa, medida anunciada semanas antes da incorporação da instituição pelo BB.
MERCADO PARADO
O mercado de carros usados tem correlação com o de automóveis novos. Normalmente os proprietários de carros usados procuram vendê-los para comprar um novo. Com a crise, os negócios ficaram prejudicados. Paradoxalmente, a demanda por carros usados caiu também por causa do barateamento dos carros novos, que foram beneficiados com a redução, pelo governo, do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
O financiamento aprovado ontem pelo Codefat será feito pelo Banco do Brasil e terá juros de 11,206% ao ano mais Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), o que dará uma taxa de 1,4% ao mês. Atualmente, segundo o ministro, para esse tipo de financiamento é cobrada TJLP mais 24% de juros ao ano. "Eu queria um juro menor, mas por enquanto não foi possível", disse Lupi, que defendia na negociação com o BB a cobrança de TJLP mais 8% ao ano.O dinheiro será usado pelas revendas para girar o negócio. O prazo de financiamento será de 24 meses, incluídos até 5 meses de carência.
O ministro destacou que essa é uma linha de crédito inicial e que o governo deve avaliar futuramente o comportamento do mercado para possíveis revisões. "Todas as medidas com recursos do FAT ou FGTS terão como contrapartida a manutenção de empregos. No caso da revenda de usados serão cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos que serão preservados", disse o ministro, informando que na próxima semana deve assinar com os empregadores do setor um acordo de garantia de postos de trabalho.
MICRO E PEQUENA
De acordo com resolução do Codefat, aprovada ontem, a medida deve atingir micro e pequenas empresas, que têm faturamento bruto anual de R$ 5 milhões, e médias empresas, com faturamento bruto anual de R$ 60 milhões. O teto do financiamento é de até R$ 200 mil por empresa e os recursos poderão ser liberados de uma só vez ou em parcelas, mas está vedado o uso de crédito rotativo.
Estão impedidas de receber o financiamento empresas que estiverem inadimplentes com qualquer órgão da administração pública federal, especialmente com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e com a Previdência.
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