O Tesouro americano anuncia hoje a criação de um "banco ruim" público-privado como ponto principal do plano de resgate do sistema financeiro. Fontes ligadas ao governo anteciparam que o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, vai anunciar a instituição formada com dinheiro do governo e de investidores para comprar ativos podres dos bancos e limpar os balanços deles. Como incentivo a investidores privados, o governo vai oferecer garantias a esses ativos podres. O anúncio do plano de resgate ocorrerá às 11h de Washington (14h de Brasília) e será acompanhado atentamente por mercados do mundo inteiro.
A reportagem é de Patrícia Campos Mello e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 10-02-2009.
"Com o tipo certo de garantias do governo, financiamento e abordagens estratégicas, o secretário Geithner acredita que possamos atrair uma quantidade substancial de capital privado", disse Larry Summers, presidente do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca.
O anúncio do plano estava programado para segunda-feira, mas foi adiado para hoje, para não ofuscar as negociações do pacote que ainda está tramitando no Senado.
O governo já usou US$ 350 bilhões dos US$ 700 bilhões do Programa de Alívio de Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês), aprovado pelo Congresso no ano passado. Mas até agora o pacote não conseguiu restabelecer o crédito na economia e a situação dos bancos continua se deteriorando, apesar de injeções de bilhões de dólares do Tarp. Daí a importância de o governo Obama sinalizar uma mudança na estratégia de resgate aos bancos ao usar os US$ 350 bilhões restantes.
Além disso, o Tesouro precisará de um Tarp 2, porque os recursos do primeiro não serão suficientes para recapitalizar os bancos. Mas o governo só conseguirá um Tarp 2 se convencer o Congresso de que não está distribuindo dinheiro a banqueiros, sem contrapartida. Há mal-estar na população por causa dos altos bônus de executivos de bancos. Por isso, Geithner deve anunciar hoje mais injeção de capital em bancos, mas com condições mais duras.
Além disso, o Tesouro vai expandir uma linha de crédito de US$ 200 bilhões para comprar títulos lastreados em cartão de crédito e financiamento estudantil para agora adquirir papéis tóxicos lastreados em hipotecas.
Também vai fazer parte do pacote algum plano de redução de execução de hipotecas, com US$ 50 bilhões a US$ 100 bilhões. Fannie Mae e Freddie Mac iriam renegociar hipotecas de centenas de milhares de mutuários e criar parâmetros de renegociação que seriam adotados por outros bancos.
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