"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O mito do neonazista

Blog do Luis Nassif - 13/02/09

Por Flaggsmasher

Um texto interessante retirado do livro COMO LER JORNAIS, de Janer Cristaldo:

“O fantasma do neonazi — O jornalismo contemporâneo, para atingir o maior número de leitores, baliza o texto com fotos ou grafismos de modo a tornar o mais esquemática possível a mais complexa das realidades. Como a mente do leitor já vem alimentada por um imaginário do cinema e da TV, os ícones do século são preciosos sinais de tráfego para orientação da leitura. As reportagens assumem a estrutura romanesca e os personagens são apresentados de forma que o leitor perceba onde está o bem e o mal, quem é herói e quem é vilão, vítima ou algoz.

De uns tempos para cá, a mídia foi invadida pela figura do neonazi. Se um grupo de jovens, brancos e preferentemente europeus ou de origem européia, sai a fazer balbúrdias e agride imigrantes, negros ou árabes, está configurado o neonazismo. Podem até mesmo jamais ter ouvido falar de nazismo, Hitler ou Segunda Guerra. Mas são evidentes neonazis.
Se não há agressão alguma, cria-se pelo menos atos criminosos por omissão.

[...] Imprensa importa neonazis — Se há neonazistas na Europa, tem de existir também no Brasil. Assim, quando ocorre qualquer incidente nalgum país europeu, preferentemente em países germânicos ou nórdicos, os editores saem a catar nos arquivos grupos equivalentes no Brasil. Basta achar um careca, branco e preferentemente parrudo, vestido com couro e correntes, e lá está a ameaça nazista.

[...] A farsa de Marie — Dia 10 de julho de 2004, a máquina de produzir racismo voltou a funcionar. Uma jovem de 23 anos, Marie L., que viajava com seu bebê de 13 meses no metrô de Paris, apresentou queixa à polícia de ter sido agredida por um grupo de jovens desconhecidos com idades entre 15 e 20 anos. Os agressores seriam negros e africanos do norte. Rasgaram sua roupa, cortaram seus cabelos, atiraram seu bebê no chão e pintaram suásticas em sua barriga por acreditar que ela fosse judia. Ainda segundo Marie, cerca de vinte pessoas assistiram à agressão passivamente, sem sequer prestar-lhe auxílio.
Escândalo na França, horror na Europa. Os jornais do continente deram suas primeiras páginas ao fato abominável. Jacques Chirac manifestou seu susto ao tomar conhecimento “desta odiosa agressão” e pediu que seus autores fossem “julgados e condenados com severidade e responsabilidade”. Organizações religiosas e de direitos humanos condenaram com veemência não tanto a agressão dos árabes e negros, mas principalmente a omissão e passividade dos demais passageiros. Um clima de progrom perpassou a Europa. Neste domingo passado, o primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, exortou os judeus da França a viajar imediatamente a Israel. “Proponho a todos os judeus que venham a Israel, mas para os judeus da França é absolutamente necessário, e eles devem partir imediatamente”, disse Sharon. Como se a França tivesse declarado guerra a Israel.

Por 48 horas, o país foi tido como uma reencarnação da Alemanha nazista. Logo se descobriu que a denunciante era uma moça com problemas mentais, que já apresentara queixas semelhantes no passado.

Um exame das imagens das câmeras de segurança da estação de metrô não mostraram agressão alguma. Eventuais testemunhas foram chamadas a depor e nenhuma se apresentou. Diante das evidências, a moça acabou “quebrando” e admitiu a farsa.

Jornal algum, nem mesmo o sisudo Le Monde, teve a preocupação de checar a notícia, que tinha todos os componentes para ser um blefe. E blefe dos mais perigosos, pois joga com ressentimentos de duas comunidades que nutrem ódios milenares. A prefeitura de Lyon chegou a programar uma passeata contra o anti-semitismo, cancelada após a confissão de Marie L. Os muçulmanos, por sua vez, tiraram sua casquinha, denunciando uma “islamofobia reinante, acentuada pelos meios de comunicação e as autoridades, que se lançaram a denunciar os fatos sem esperar para verificá-los”.

É fácil acusar uma multidão. Os fabricantes de racismo desde há muito intuíram isto. Como ninguém é acusado individualmente, ninguém reclama. Mais difícil é acusar uma ou duas pessoas. O acusado se vê forçado a defender-se e o acusador arrisca um processo. Como a luta de classes está fora de moda, o racismo tornou-se o novo motor da história. Multidões serão novamente denunciadas por crimes que não foram cometidos nem podem ser provados. Mesmo desmentidos, comunidades e países inteiros herdarão a pecha de racistas. O alvo é a Europa. Como o fantasma do comunismo não conseguiu dobrá-la, como previa Marx já no Manifesto, suas viúvas brandem um outro, o da luta racial.”

Apesar de ser um texto interessante e que leva a certas considerações, não podemos cair na condição de aceitar o título como verdade, ou seja, o neonazismo não é um mito, existem sim grupos com essa ideologia na Europa, EUA (que por sinal são os criadores da eugenia), América Latina e sim Brasil.


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