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Podia-se pensar que Moscovo no Domingo estava em estado de sítio, tal era a concentração de polícias de choque no centro da capital russa. Não obstante, a oposição extra-parlamentar conseguiu manifestar-se. Um grupo de cerca de cem manifestantes até conseguiram passar por uma das artérias mais movimentadas da cidade gritando "Queremos outra Rússia!", "Rússia sem Putin"! Quando apareceram os autocarros com OMONS's (polícias de choque), já os opositores tinham desaparecido nas entranhas do metropolitano.
Ao fim da tarde, um grupo de manifestantes, empunhando o texto da Constituição da Rússia, tentou entrar no Kremlin, mas foi travado à força pela segurança.
Na cidade de São Petersburgo, as coisas correram com mais calmia, mas a polícia fez também numerosas detenções.
Victor Biriukov, porta-voz da polícia de Moscovo, veio dizer que não se tratou de nenhuma "marcha de discordantes", mas de "arruaceiros" que tentaram organizar uma "campanha de desobediência civil".
Em Vladivostoque, os automobilistas saíram para a rua para protestar contra o aumento dos impostos que terão de pagar por adquirirem automóveis estrangeiros, tendo havido também confrontos com a polícia.
Se, nas palavras, o poder tenta apresentar a oposição extra-parlamentar como um grupo de marginais sem influência política, as medidas repressivas tomadas por ele mostram que o Kremlin receia a oposição.
A crise económica e financeira começa a ter efeitos devastadores na Rússia e os protestos sociais certamente irão aumentar depois de 10 de Janeiro, após os russos terem descansado dez dias e festejado o Ano Novo e o Natal. A ressaca de dez dias de festejos poderá ser dolorosa.
A Rússia é um país gigante e não existe uma força política capaz de dirigir uma onda de protestos a nível nacional (o Partido Comunista não ousa desobedecer às ordens do Kremlin), mas, à escala regional ou local, o descontentamento poderá revelar-se das mais diversas formas.
Vamos ver como o poder vai gerir a crise. O Kremlin, durante a "época das vacas gordas", quando a subida do preço do petróleo e gás nos mercados internacionais batia recordes, não conseguiu modernizar a economia do país, nem diversificá-la. Diz que as reservas de moeda estrangeira serão suficientes para enfrentar a crise. Há alguns economistas que duvidam, mas o maior perigo vem de outro lado. Mais tarde ou mais cedo, a crise vai terminar e, quando o mundo começar a sair dela, a Rússia poderá ver-se novamente sem meios financeiros para arrancar no pelotão da frente. Os dirigentes continuam a tirar lições da história do seu país.
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