Por Leandro Fortes
Na época, estive em Diamantino (MT), terra de Gilmar Mendes, que há oito anos era dirigida pelo prefeito Chico Mendes, irmão do presidente do STF. A matéria resume a história de dominação coronelista da família Mendes no município, as muitas falcatruas protagonizadas pelo prefeito e a ampla atuação política de Gilmar Mendes em prol do clã do qual, ferozmente, faz parte.
A certa altura da reportagem, eu escrevi o seguinte: "O futuro prefeito, Erisval Capistrano, estranha que nenhum processo contra Chico Mendes tenha saído da estaca zero e atribui o fato à influência do presidente do STF".
Mais adiante: "Segundo Capistrano, foram impetradas, ao menos, 30 ações contra o irmão do ministro, mas quase nada consegue chegar às instâncias iniciais sem ser, irremediavelmente, arquivado". Pois bem, e qual foi a pergunta selecionada pelo Roda Viva? Algo assim: "O sr. tem alguma idéia do porquê das mais de 30 ações impetradas contra o seu irmão ao longo dos anos jamais terem chegado sequer à primeira instância?". Ora, eu jamais escrevi isso. Mas Gilmar Mendes aproveitou para relacionar a formulação equivocada (deliberada?) da pergunta para insinuar que ela estava sintonizada com o "nível" da revista (a Carta) que publicou a informação. E foi em frente.
Ninguém mais tocou no assunto. Nem nas demais denúncias levantadas pela revista sobre o escolinha de direito de Mendes em Brasília, montada a preço de banana e com contratos sem licitação. Nem das relações de Mendes com o coronel Sérgio Cirillo, ligado a Hugo Chicaroni, condenado por subornar um delegado federal em nome de Daniel Dantas. É a falta que faz uma bancada bem informada de jornalistas de verdade, dispostos a fazer jornalismo de verdade. Não fosse a atuação de Eliane Cantanhêde, aquilo teria sido o funeral simbólico do programa.
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