Conversa Afiada já havia antecipado que o Roda Viva da TV Cultura, com o Supremo Presidente Gilmar Mendes, seria uma Roda Morta. O programa, que teve entre seus entrevistadores Eliane Cantanhêde, da Folha, Márcio Chaer, do site Consultor Jurídico, Carlos Marchi, do Estadão, e Reinaldo Azevedo, blogueiro e articulista da Veja, deixou inúmeras perguntas sem resposta.
Pior: a composição da bancada de entrevistadores favoreceu Mendes, segundo afirma o próprio ombudsman da TV Cultura. “Reinaldo Azevedo e Márcio Chaer, na tentativa de instrumentalizar o programa diante de um tema tão delicado e de um personagem tão controvertido, conspiraram contra a qualidade e o equilíbrio jornalístico desta edição do Roda Viva, o que sugere uma cuidadosa reflexão da direção do programa sobre os critérios de seleção dos entrevistadores”, afirma o ombudsman Ernesto Rodrigues, em crítica postada no site da TV Cultura.
Para o ombudsman, contudo, o Roda Viva cumpriu seu papel, graças às intervenções da âncora Lílian Witte Fibe e da entrevistadora Eliane Cantanhêde. Ainda assim, o próprio Rodrigues reconhece que Gilmar Mendes não respondeu, ou o fez de forma evasiva, quando confrontado com perguntas mais incisivas.
Gilmar Mendes deu de ombros diante do questionamento sobre o grampo sem áudio, que supostamente teria sido feito de uma conversa dele com o senador Demóstenes Torres. Não cabia a ele “demonstrar se existe ou não” o tal grampo, questão que, aliás, o Supremo Presidente considera “completamente irrevelante”.
Questionado sobre o fato de ter se indisposto com delegados, Polícia Federal, Ministério da Justiça, Ministério Público, juízes e associações de juízes, como se todas essas instituições estivesse contra o estado de direito, o Presidente Supremo se saiu da seguinte forma: “Não estou disputando campeonato de popularidade”, disse. E ficou por isso mesmo.
A cada inconsistência nas respostas de Mendes, o assunto era tirado de pauta pelas intervenções providencial de certos entrevistadores. “Quando o tema esquenta, Márcio Chaer muda totalmente o assunto para o caso do ativismo do Judiciário’’, pontua o Nassif em seu blog.
Leitor do Conversa Afiada, Emerson Prado trouxe uma indicação interessante de leitura sobre o Roda Vida: o blog Blocaute, que compara o programa à hora do banho de uma criança muito mimada.
Já o blog do Mello lembra que a única pergunta dos telespectadores que poderia atrapalhar o Supremo Presidente, foi mal formulada e, por conta disso, não obteve resposta. A pergunta começava pela afirmação de que o irmão do ministro, político de Diamantino (MT), tinha mais de 30 processos que nem chegavam à primeira instância. Foi o que bastou para que Mendes desqualificasse a pergunta, ironizando-a – com a ajuda de Márcio Chaer e Reinaldo Azevedo. O presidente do STF tratou dessa forma o questionamento sobre os desmandos da família dele, levantada por reportagem da Carta Capital e jogou a pá de cal no programa, comprovando que ele se transformou numa Roda Morta.
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