"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Brasil pode rever empréstimos para vizinhos

Instituto Humanitas Unisinos - 03/12/08

O governo brasileiro vai rever sua política de empréstimos para Venezuela, Bolívia e Paraguai — que inclui linhas de créditos em bases concessionais, ou seja, mais baratas — se estes três países seguirem o caminho do Equador. Isto é: se decidirem não pagar suas dívidas com o BNDES, como ameaça o governo equatoriano. Foi o que indicou ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. O ministro deixou claro que a fonte de crédito em bases facilitadas do Brasil vai secar se se houver calote generalizado. O BNDES emprestou mais de US$ 5 bilhões a estes quatro países.

A reportagem é de Deborah Berlinck e publicada pelo jornal O Globo, 03-12-2008.

— Eu espero que todos esses países tenham muitas outras fontes de crédito e muitas outras fontes de receitas externas para eles continuarem a progredir e se desenvolver…como nós desejamos — disse Amorim, no aeroporto de Genebra, antes de embarcar para o Brasil.

O ministro reagia pela primeira vez à notícia de que Venezuela, Bolívia e Paraguai também vão fazer auditoria nas suas dívidas externas, como fez o Equador. O governo equatoriano ameaça dar calote, alegando irregularidades no contrato de US$ 243 milhões que levantou com o BNDES para a construção da hidrelétrica San Francisco.

Amorim disse que o Brasil tem trabalhado “arduamente” para a integração do continente e que vários países da região têm se beneficiado de convênios de comércio com o Brasil:

— Acho que, quando eles olham para uma dívida com o Brasil, e não estou tirando o direito deles, não podem nos tratar como uma potência colonial que esteja querendo explorar.

Nós seguimos as regras do mercado internacional. Se elas não são boas, eles podem abrir uma discussão.

Inicialmente, Amorim não quis falar sobre o assunto. Mas, depois, foi direto ao ponto:

— Cada país é livre para fazer o que quiser. Faça as auditorias, faça o que tiver de fazer. Nós vamos ter de tirar as conseqüências — disse.

— Nós também vamos analisar e vamos ver as conseqüências que isso tem para quem empresta.

Amorim explicou que todo país tem um risco que é constantemente avaliado no mercado internacional. Segundo ele, o Brasil, tem conseguido baixar este risco para a região, concedendo empréstimos mais favoráveis através do BNDES e com garantias do Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR).

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