Memorial do Ministério Público Federal aponta reportagem da Folha “sob encomenda” como ponto de partida dos crimes de Dantas
Paulo Henrique Amorim
Máximas & Mínimas 2114
Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista
. O memorial de acusação dos Procuradores da República Anamara Osório Silva e Rodrigo De Grandis é uma peça irretocável.
. Lá está no parágrafo 2; no parágrafo 16; no parágrafo 19; e no parágrafo 22.
. A reportagem de Andrea Michael, produto de um vazamento (*) cuja origem deveria ser investigada pelo zeloso delegado Amaro, foi a senha para Daniel Dantas dar início a suas atividades criminosas.
. A Operação Satiagraha, resultado do competente trabalho do ínclito delegado Protógenes Queiroz, captou o momento em que, entre o Palácio do Planalto e a famiglia de Dantas, se trata dessa reportagem de Andrea Michael.
. Uma reportagem feita “sob encomenda – essa é a expressão textual, “sob encomenda”, que os membros da famiglia de Dantas e o pessoal do Planalto usam para se referir ao trabalho de Michael.
. Sob encomenda para, primeiro, justificar o pagamento de uma propina numa “conta curral”, na base do 50% mais 50%, em que o beneficiário seria José Dirceu.
. Segundo, para dar início às mobilizações de Dantas.
. No plano jurídico, Dantas, de posse dessa “encomenda” atacou o sistema Judiciário com um conjunto de pedidos de HC para uma prisão que não existia.
. Existia ainda, e apenas, na “reportagem” de Michael.
. (Um desses pedidos de HC está na origem do primeiro HC que o Supremo Presidente Gilmar Mendes, agora desmoralizado a pela decisão de De Sanctis, concedeu a Dantas. O primeiro de dois, em 48 horas …)
. A segunda movimentação de Dantas depois da reportagem, “sob encomenda” – agora se vê pelo memorial de Anamara Osório e Rodrigo De Grandis – foi a que levou ao crime que o condenou.
. Foi a partir da “encomenda” que ele montou a patranha do suborno ao delegado Protógenes Queiroz.
. Há um inesquecível diálogo entre Dantas e Humberto Braz.
. Braz dá a Dantas a péssima notícia de que Queiroz não aceita propina: “Mas, o problema … ele disse que não, né”, conta Braz, entristecido …
. A partir dessa negativa, e com a aquiescência do corajoso Juiz Fausto De Sanctis, Protógenes articulou o que se chama de “ação controlada” (**).
. Ou seja, informou à famiglia de Dantas que o policial federal que dirigia a investigação era Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira e não ele, Protógenes, como tinha, “sob encomenda” informado a “reportagem” da Folha (***).
. E, na “ação controlada”, gravada, filmada, e divulgada no jornal nacional (só o Gilmar Mendes não viu a reportagem…) Dantas e os membros da sua famiglia “subornam” Victor Hugo.
. A reportagem da Folha é central para a operação de Dantas.
. Para tentar comprar a Polícia.
. E para obter “facilidades” na Justiça (não na primeira instância, onde ele sabia que teria dificuldades).
. O Delegado Protógenes pediu o indiciamento de Andrea Michael.
. O Juiz De Sanctis não concordou.
. Vamos supor que Michael tenha agido de boa fé – se prevalecer, imagina-se, a percepção do Juiz.
. Se prevalecer a percepção do ínclito delegado Protógenes Queiroz, Michael fazia “parte da quadrilha”.
. Mas, se ela tiver agido de boa fé, o que dizer dos editores da Folha (***)?
. O que dizer dos responsáveis pela Folha (***)?
. O que acreditar na Folha, no PiG?
. No resultado da Mega Sena, se ela divulga o do concurso anterior?
. Nas “notícias” para valorizar e desvalorizar as ações da Brasil Telecom e da Oi, de acordo com os interesses desses grandes empresários Naji Nahas e Daniel Dantas ?
. Nos infomercials da seção “Mercado Aberto”, de Guilherme Bastos, o que, com uma manchete, lançou a pedra fundamental da “BrOi”?
. Ou quando ela diz que o Jose Serrágio está eleito em 2010?
(*) Quem passou as informações a Andrea Michael foi um alto funcionário da Polícia Federal, um delegado de longa carreira, que queria minar o trabalho de Protógenes e abortar a investigação. Alô, alô, delegado Amaro!
(**) A defesa de Dantas vai tentar fazer agora como fez com a derrota que Dantas sofreu na Corte de Cayman, em processo que moveu contra Luiz Roberto Demarco. Em lugar de recorrer e se defender da decisão que o condenou, Dantas vai “demonstrar” que o processo é uma fraude. Que as provas são uma fraude. E vai tentar anular o processo, com a ajuda do PiG, da CPI dos Amigos de Dantas, de Gilmar Mendes e Nelson Jobim, com a “teoria da contaminação”. Dantas vai tentar provar que a “ação controlada” foi uma “cilada”. Nesse ponto, os procuradores Anamara Osório e Rodrigo De Grandis desmontam, previamente, e de forma brilhante, a “defesa” de Dantas. Dantas usa aquele velho recurso: a melhor defesa é o ataque.
Em tempo – Do memorial dos procuradores cabe ressaltar também o papel sórdido, pré-criminoso do advogado Wilson Mirza Ibrahim, um dos 1001 advogados de Dantas. É ele quem faz a primeira aproximação para tentar subornar o ínclito delegado Protógenes. Alô, alô, Ordem dos Advogados, o Dr. Mirza ainda tem a sua carteirinha ? É bom não esquecer que Mirza é aquele que, num telefonema, tenta interceder junto a Ali Kamel para que César Tralli pare de fazer reportagens sobre Dantas no jornal nacional.
Clique aqui para ler a decisão do corajoso juiz Fausto De Sanctis. Caro leitor, recomenda-se ler APENAS a decisão de De Sanctis, porque o site Conjur pertence ao Sistema Dantas de Comunicação.
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