"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quinta-feira, março 05, 2009

Um dia de cão no mundo

Blog do Luis Nassif - Coluna Econômica - 03/03/2009

Já houve a rodada do subprime, a rodada dos fundos hedge. Agora. se está no auge da rodada da recessão impactando o sistema financeiro mundial – já combalido pelos dois movimentos anteriores.
Ontem foi um dia de pavor nos mercados globais. Em outubro o Índice Dow Jones estava em 14 mil pontos. Ontem, atingiu o nível mais baixo em 11 anos, caindo abaixo de 7 mil. A percepção geral é que poderá piorar mais ainda. Só este ano, a queda foi de 22%.

A American International Group Inc (AIG), maior seguradora do mundo, registrou monumental prejuízo de US$ 61,7 bilhões em um trimestre. Depois de investir US$ 150 bi no gigante, o governo norte-americano terá que aportar mais US$ 30 bi. E aí entra-se na chamada roda viciosa. Se as agências de risco rebaixarem sua avaliação, automaticamente deixará de contar com mais US$ 8 bi em investimentos.

O outro lado do Atlântico, o HSBC, maior banco europeu em valor de mercado, registrou queda de 70% dos lucros em 2008 e a necessidade de captar US$ 17,7 bilhões no mercado.

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No meio desse tiroteio, esta semana começa uma rodada relevante para o futuro da economia mundial: a reunião do grupo dos G20, visando encontrar saídas conjuntas para a crise global.

Na quinta-feira passada, segundo o Financial Times, depois de anunciar um sistema de proteção para o Royal Bank of Scotland, o chanceler britânico Alistair Darling enviou carta aos demais Ministros da Fazenda do G20 propondo “princípios comuns para lidar com ativos de hedge e de segurança”.

Esses princípios seriam a manutenção da estabilidade, o incentivo à concessão de empréstimos, restabelecendo a capacidade de empréstimos do setor bancário, proteger as finanças públicas e rejeitar o protecionismo financeiro.

O trabalhos do G20 terão como base um relatório acadêmico preparado para um grupo. Um dos economistas, Richard Portes da London Business School, exortou os países a trazer as taxas de juros rapidamente para perto de zero, flexibilizar quantitativamente o crédito através da compra de ativos, conferindo liquidez aos bancos. Esse modelo foi adotado pelos Estados Unidos e Japão, deverá começar no Reino Unido, mas ainda é evitado pelos demais países da Europa continental.

O problema maior é a diferença entre países quanto às contas correntes: alguns superavitários, outyros deficitários. Daí a importância do aumento da participação do FMI, para evitar crises cambiais que poderiam provocar novos contágios.

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Um dos pontos centrais dessa reunião do G20 será a condenação formal dos paraísos fiscais. O presidente francês Nicolas Sarkozy alertou para a possibilidade da Suiça entrar na lista negra dos paraísos fiscais.

Há um conjunto de idéias legítimas, para corrigir os abusos do ciclo que se encerra agora. Mas há um grande desafio para as soluções multilaterais: crises costumam exacerbar o protecionismo, a xenofobia e o isolamento.

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