O emprego na indústria paulista no mês de março subiu 0,31% ante fevereiro, segundo dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O saldo de 7,5 mil postos de trabalho criados no mês está diretamente ligado ao desempenho da indústria de açúcar e álcool.
A reportagem é de Anne Warth e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 15-04-2009.
O resultado positivo veio após cinco meses consecutivos de queda no nível de emprego e do fechamento de 236,5 mil postos de trabalho na indústria paulista. O último mês em que o saldo mostrou criação de vagas no Estado foi setembro do ano passado, quando houve alta de 0,41%, sem ajuste.
Para o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini, a retomada do crescimento do emprego verificada no mês indica que a fase mais crítica da crise internacional finalmente passou. "A crise ainda está promovendo seus efeitos, mas aparentemente a primeira grande onda já passou e o emprego parece estar se equilibrando."
No resultado com ajuste, a queda no emprego ainda se manteve em março (-0,20%), mas Francini admite que o número foi negativo, "pero no mucho". "Foi uma queda bem inferior que a dos meses anteriores."
O setor sucroalcooleiro salvou os índices de emprego da indústria paulista de fechar o mês em queda. "O resultado de março é creditado em boa parte ao comportamento do setor de açúcar e álcool, mas um saldo positivo não ocorria há cinco meses."
O setor antecipou para março a colheita que normalmente é feita em abril e contratou 26.933 trabalhadores. Já os demais setores que fazem parte da pesquisa da Fiesp demitiram 19.433 empregados no mesmo período. A antecipação da colheita da cana é mais um dos efeitos da crise, explicou Francini. "As usinas anteciparam a colheita, algo atípico, pela necessidade de geração imediata de caixa, uma vez que o crédito continua escasso." O emprego subiu 1,33% no interior do Estado, onde estão instaladas as usinas, mas caiu 1,05% na Grande São Paulo.
Dos 22 setores nos quais a Fiesp divide a indústria para fazer a pesquisa, 16 demitiram, 1 manteve estabilidade e 5 contrataram. Os setores de veículos automotores, de máquinas e equipamentos e de produtos de metal foram os que mais demitiram no mês, respectivamente 3.957, 3.526 e 3.172 trabalhadores. Já os que mais empregaram foram os de produtos alimentícios, 30.464 vagas; fabricação de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis, 1.009; couro e calçados, 421; móveis, 229; e produtos diversos, 65.
Outro indicador positivo é o Sensor da Fiesp, pesquisa que mede a confiança dos empresários. O índice tem mantido neutralidade desde o início de março e ficou em 49,5 pontos nos primeiros quinze dias de abril - abaixo de 50 indica expectativa de melhora, em torno de 50 mostra estabilidade e acima de 50 indica piora.
Dos cinco itens que compõem o Sensor, três já estão em terreno positivo: mercado e vendas, que já estavam nesse nível desde o início de março, e investimentos. O pior resultado ainda é o de estoque.
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