"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, abril 18, 2009

A Europa derretendo

Blog do Luis Nassif - 16/04/09

Por Marcos Doniseti

Nassif, a produção industrial da Zona do Euro caiu 18,4% em Fevereiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2008. E a queda aconteceu até mesmo se compara com a produção de janeiro (2,3% a menos). Assim, a crise continua se agravando na região.

Notícia:

Produção industrial da zona do euro tem queda recorde de 18,4% em fevereiro

A produção industrial na zona do euro em fevereiro teve queda de 18,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Trata-se do menor índice já registrado para a região. Na comparação com janeiro, a produção teve queda de 2,3%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pela Eurostat, a agência europeia de estatísticas

Na UE (União Europeia) como um todo, a produção industrial em fevereiro teve queda de 17,5%, em relação a fevereiro de 2008, enquanto na comparação com janeiro deste ano a queda foi de 1,9%.

Em relação a janeiro, a produção no setor de energia caiu 1% na zona do euro e 1,3% na UE. A produção de bens de consumo não duráveis (como vestuário e alimentos) caiu 1,4% no bloco de países que usam a moeda comum e 1,1% na UE como um todo. O índice de produção de bens intermediários mostrou queda de 2,4% na zona do euro e de 2% no bloco europeu.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u551457.shtml

Hugo Albuquerque

Eu já falava isso há algum tempo. A situação da Europa não é boa. O continente passa por uma crise política muito grave; o único líder com algum nível é Gordon Brown, Berlusconni dá medo, Merkel é muito apagada e Sarkozy é uma figura curiosa. De um lado há uma esquerda que não sabe o que fazer nem o que quer, do outro lado uma direita igualmente inepta e com alguns cacoetes perigosos - como no caso italiano.

Ademais, o crescimento de grupos de extrema-direita que perseguem minorias, em especial imigrantes, só é uma prova de que há um vazio político muito grande. A incapacidade da esquerda europeia em elaborar novas alternativas somada a inépcia administrativa da direita dão nisso mesmo: o rebaixamento da linguagem, a violência, a busca por achar bodes-expiatórios comôdos em vez de soluções.

Isso, claro, na “civilizada” Europa Ocidental. À leste a situação é pior; os sistema políticos pós-socialistas foram construídos por ex-apparatchiks que se bandearam para o lado americano e raramente prezaram pela honestidade no trato do erário público. Sempre defenderam o interesse americano e nunca se preocuparam em construir um projeto europeu - no máximo, procuraram se favorecer economicamente da UE como se ela fosse um mero pacto aduaneiro ou uma válvula de escape para onde os trabalhadores que eles eram incapazes de incluir poderiam ir para serem encanadores.

Nas ex-repúblicas soviéticas - pois é, Europa não é só Paris/Londres/Berlim/Milão - o drama é pior ainda. A falta de uma cultura democrática decorrente das décadas de stalinismo - propriamente dito e depois velado - forjou um verdadeiro vazio político na maioria daqueles países. A velha e nem tão boa questão das nacionalidades continua a ser um fantasma: As fronteiras daqueles países continuam a fazer pouco sentido e a profunda diversidade étnica desacompanhada de uma cultura democrática são um verdadeiro barril de pólvora - a Rússia, por exemplo, tem sua população constituída de 20% de não-russos ao mesmo tempo em que há minorias russas em todas as ex-repúblicas soviéticas.

Da UE, o que dá pra dizer, é que pairam sérias dúvidas sobre se sua capacidade de organização interna seria suficiente para responder a altura as demandas dessa Crise. Enfim, faltam grupos políticos e faltam estadistas na Europa como nunca aconteceu na história daquele continente. Essa Crise, por maior e mais profunda que seja, está gerando efeitos mais duros por ali pelas próprias fragilidades que aqueles países já possuiam mesmo em tempos de prosperidade econômica.

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