"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, abril 18, 2009

A polêmica sobre as mudanças climáticas

Blog do Luis Nassif - 16/04/09

O ex-reitor da UNB José Carlos de Azevedo sempre foi um sujeito polêmico. Aqui, ele questionando as conclusões do IPCC sobre as mudanças climáticas.

Da Folha

Distanciada da ciência e da razão

JOSÉ CARLOS DE AZEVEDO

Há prova científica sobre a influência do CO2 no clima? Não há. Há prova de que o CO2 nada tem a ver com o clima? Há uma pletora

O ARTIGO de Myanna Lahsen (Tendências/Debates”, 3/4), em que pretendeu criticar dois artigos que escrevi nesta página, me fez lembrar duas pessoas. O comediante Groucho Marx disse: “Hoje, ciência é o nome do jogo, e, se você conseguir enganar, você está dentro”.

O filósofo Mario Bunge, no estudo “In Praise to Intolerance to Charlatanism in Academia” (”Louvando a Intolerância ao Charlatanismo na Academia”, Anais da New York Academy of Sciences), critica os que falam de ciência e dela nada entendem. Bunge disse que Feyerabend “tem merecido atenção porque, erradamente, admitiram que ele conhece algo de física.
Mas, de fato, a sua ignorância desse assunto, o único que procurou entender, era abismal”. Lahsen entende menos de física que Feyerabend.

Para ela, “é fácil criar confusão sobre a ciência do clima”, sem saber que na ciência não há confusão, há divergência, e que não existe a “ciência do clima”. Lahsen, antropóloga dinamarquesa, diz que o IPCC “não é uma instituição de pesquisa” e “não faz previsões do tempo nem do clima.

Ele avalia ciência já produzida”, mas se desdiz ao afirmar que o IPCC tem “milhares de cientistas”.
Levianamente, ela afirma que tenho “entendimento errado” do que é o IPCC e que me baseio em um relatório de 23 cientistas, “um número muito pequeno se comparado aos milhares de cientistas (…) do IPCC”, o que é falso. Para Lahsen, a validade científica depende de votação, apesar de a frase de Galileu ter mais de 400 anos:

“Em questões de ciência, a autoridade de mil não vale o humilde raciocínio de um só indivíduo”. O que fazem esses “milhares de cientistas” que frigiram 50 bilhões de dólares para provar a influência do CO2 no clima e nada conseguiram?

Deselegante, a antropóloga climatológica referiu-se a Singer, a Seitz e a mim como “aposentados”. Seitz presidiu a Academia Nacional de Ciências dos EUA, deu importantes contribuições à física do estado sólido e deixou seu nome gravado na história da ciência -não foi menor a contribuição de Singer.

Lahsen, que é ignorante para ler Seitz, diz que ele “nunca fez nem publicou ciência sobre o clima”; é obvio que nada fez porque essa ciência não existe. O que é publicar ciência? Cabem perguntas: há prova científica sobre a influência do CO2 no clima? Não há.

Algum livro de física de nível universitário menciona esse efeito estufa? Salvo engano, só há um, o “Thermal Physics”, de Kittel (edição de 1990), que, em quatro linhas, atribui o efeito ao vapor d’água. O que os ecoterroristas chamam de efeito estufa nada tem a ver com o que ocorre numa estufa para plantas ou em um automóvel com os vidros fechados e exposto ao sol.

Há prova de que o CO2 nada tem a ver com o clima? Há uma pletora. O artigo de Jan Veizer, entre outros, prova, numa perspectiva de 4 bilhões de anos do ciclo do carbono, que o fator preponderante não é o CO2, é a radiação cósmica. E há prova inequívoca, a feita com o gelo retirado em Vostok, que mostra que a temperatura sempre aumenta antes de o nível do CO2 aumentar; não ocorre o oposto, como quer a sábia danesa, que não distingue causa de efeito nem sabe que há mais coisas entre o céu e a Terra além do CO2.

O Danish National Space Center corresponde ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), onde Lahsen se encontra. Lá, os dinamarqueses E. Friis-Christensen, K. Lassen e H. Svensmark provaram que a radiação cósmica cria múons que chegam às nuvens baixas da Terra e formam os núcleos de condensação que definem o clima e o tempo.

Por sua vez, N. Shaviv e J. Veizer, em Israel e no Canadá, provaram a correlação que há entre o clima na Terra e a passagem do sistema solar pelos braços da galáxia local, a Via Láctea. Por isso, o Cern (Organização Europeia de Pesquisa Nuclear) amparou esses estudos e reuniu cientistas e cerca de 30 instituições para estudar a natureza do clima e do tempo sob essa perspectiva.

São o Sol e a radiação cósmica que os definem. Mas a pseudocientista Lahsen discorda, diz que é o CO2, o que me leva a lhe sugerir que volte à Dinamarca e lá exiba a sua sabedoria. Mas o que faz uma antropóloga em um instituto de estudos espaciais? Conversa com seres extraterrestres?
R. Lindzen, do MIT, disse que adeptos do IPCC agem como a juventude nazista. Myanna Lahsen segue a cartilha da juventude fascista, de Mussolini: “Credere, obbedire, combattere”. Crer, obedecer, combater. É o que cabe aos pobres em espírito.

JOSÉ CARLOS DE ALMEIDA AZEVEDO, 76, é doutor em física pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA). Foi reitor da UnB (Universidade de Brasília).

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