"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

sábado, abril 18, 2009

Moscovo levanta regime de operação antiterrorista na Tchetchénia

darussia.blogspot.com - 16/04/09



O regime de operação antiterrorista, que se encontrava em vigor na Tchetchénia desde 1999, foi levantado no dia 16 de Abril de 2009, anunciou hoje o Comité Antiterrorista Nacional da Rússia (CANR).
“Por incumbência do Presidente da Federação da Rússia, o Comité Antiterrorista Nacional da Rússia fez alterações na organização da actividade antiterrista no território da República da Tchetchénia... Às 00 h 00 m (21 horas TMG), o decreto que declarava o território da república zona de operação anti-terrorista foi anulado”, lê-se num comunicado do CANR.
“Semelhante decisão visa garantir as condições para a posterior normalização da situação na república, para o restabelecimento e desenvolvimento da esfera sócio-económica”, sublinha-se no documento.
Esta decisão foi tomada a pedido de Ramzan Kadirov, Presidente da Tchetchénia, que considera ter neutralizado a guerrilha separatista e ser necessário “criar condições para atrair investimentos estrangeiros na economia tchetchena”.
O regime de operação antiterrorista foi imposto em 1999, quando as tropas de Moscovo tentaram recuperar o terroritório tchetcheno que se encontrava sob o controlo da guerrilha separatista.
Esse regime é também periodicamente imposto em repúblicas do Cáucaso do Norte russo como o Daguestão e a Inguchétia, onde actuam também guerrilhas islâmicas separatistas.
A suspensão do regime de operação antiterrorista irá permitir a retirada de 20 mil soldados das tropas do Ministério do Interior da Rússia do território tchetcheno, mantendo-se aí militares do Ministério da Defesa e agentes do Serviço Federal de Segurança da Rússia.
O levantamento do regime de operação antiterrorista na Tchetchénia não se irá reflectir na capacidade de impedir actos terroristas na região, considera o senador Victor Ozerov, presidente do Comité para a Defesa do Conselho da Federação (câmara alta do Parlamento).
“O levantamento do regime de operação antiterrorista não significa que as autoridades federais e responsáveis pelo combate ao terrorismo fiquem privadas da possibilidade de impôr esse regime em algumas regiões da república da Tchetchénia em casa de necessidade”, explicou ele aos jornalistas.
O senador considerou a decisão do Presidente Medvedev “absolutamente justa”, sublinhando que “não era correcto fazer de conta que na Tchetchénia não estavam a ocorrer melhoramentos significativos na situação política e militar”.
“Desse ponto de vista”, continua Ozerov, “a decisão é uma avaliação do trabalho realizado pelas autoridades e povo da Tchetchénia nos últimos anos.
Oleg Orlov, dirigente da organização de defesa de direitos humanos Memorial, considerou a medida “atempada”, sublinhando que a situação na Tchetchénia melhorou em relação à cinco anos atrás e que “o nível de violência armada é hoje significativamente maior nas repúblicas vizinhas da Tchetchénia”.
Porém, Orlov chama a atenção para o facto de o dirigente tchetcheno, Ramzan Kadirov, “ser sempre o maior optimista”.
“Kadirov anuncia todos os anos a vitória sobre o terrorismo na Tchetchénia”, sublinhou.
Iúlia Latinina, especialista em assuntos do Cáucaso, defende que a decisão parece ser uma “vitória absoluta de Kadirov não sobre a guerrilha, mas sobre a Rússia”, frisando que o dirigente tchetcheno se transforma num político cada vez menos controlado por Moscovo.
Segundo o analista política Stanislav Belkovski disse à Lusa, a decisão de levantar o regime de operação antiterrorista na Tchetchénia terá sérias consequências não só para essa república do Cáucaso, mas para toda a Rússia.
“O Orçamento do país irá ficar seriamente prejudicado no que diza respeito a impostos e taxas alfandegárias. Logo que o aeroporto de Grozni passe a ter estatuto de internacional (exigência de Kadirov), através da Tchetchénia na Rússia começarão a entrar mercadorias, legal e ilegalmente”, explicou.

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