Coluna Econômica - 14/04/2009
Uma das consequências da atual crise mundial será uma mudança radical no sistema monetário mundial e nos sistemas bancário e financeiro. Dia desses, o economista Paul Krugman previu que a nova etapa dos bancos será marcada pela monotonia e conservadorismo - assim como ocorreu após o crack de 1929. Pouca ousadia e dinheiro barato.
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O sistema financeiro brasileiro não passou pelo terremoto global. Mas as queixas quanto ao custo do dinheiro, das tarifas e às exigências de garantias excessivas - especialmente para pequenas e médias empresas - criam um impasse. Caberia ao Banco Central não apenas garantir um sistema bancário saudável mas, principalmente, que fornecesse dinheiro barato. Mas o BC foi uma das autarquias capturadas pelo setor a quem caberia a ele fiscalizar.
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Um movimento que começa a crescer é o das cooperativas de crédito. Ainda representam pouco - 2% da movimentação do sistema financeiro. Na memória do sistema ainda estão presentes as lambanças de décadas atrás. E existem muitas delas criadas por grandes grupos exclusivamente para se beneficiar de isenção fiscal.
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Mesmo assim, há um sistema de cooperativas de crédito, organizado em torno de duas centrais - a SICOOB e a SICRED -, com enorme potencial para crescer.
São 1.800 cooperativas em todo Brasil. As duas centrais operam como câmaras de compensação. Recebem e aplicam o caixa disponível das demais cooperativas e operam como câmara de compensação. Cabe-lhes também fiscalizar suas associadas.
Por definição, cooperativa não tem lucro. Tudo o que ganha é distribuído no final do ano para os cooperados. No caso, em conta de capitalização.
Para ingressar na cooperativa, o cooperado paga R$ 800,00. Há um programa do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) que permite empréstimos de R$ 10 mil, pagáveis em seis anos, só para essa capitalização.
A cada ano, o cooperado recebe dois tipos de benefícios. O primeiro, participação na distribuição de resultados da cooperativa. O segundo, devolução de parte de sua contribuição aos resultados da cooperativa - seja como investidor (adquirindo CDBs e RDBs) seja como tomador de crédito. Se o cooperado entrou no cheque especial, por exemplo, pagou uma determinada quantia de juros, no final do ano parte do que foi pago será depositado em sua conta, como capitalização sua.
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O custo dos empréstimos está muito abaixo do sistema bancário tradicional. A taxa do cheque especial é de 5,9% ao mês. A do desconto de duplicata, 2,9%. A de nota promissória rural ou duplicata rural (que tem mercadorias como garantia) 1,75%.
A Cooperativa tem um exemplo dessa restituição de juros pagos. Um cooperado antigo tem R$ 226.073,00 capitalizados em seu nome. Com o saldo médio em conta corrente, permitiu lucro à cooperativa e recebeu sua parcela de R$ 4.030,00. Pelas aplicações financeiras, R$ 13.009,00. Pelo financiamento rural, mais R$ 2.663,00. No total, conseguiu R$ 20.239,00 em sua conta - como participação nos lucros que proporcionou à cooperativa - mais R$ 12.943,00 de participação em resultados.
Ao completar 65 anos, poderá sacar 80% de seu saldo em cinco vezes.
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