Elogiado por tucanos e criticado por setores mais à esquerda do PT, o ProUni (Programa Universidade para Todos) é uma das soluções criadas para enfrentar um desafio do ensino superior brasileiro: como há pouco espaço para crescer apenas com os alunos pertencentes às classes A e B, a opção para continuar expandindo o setor é atender um volume maior de estudantes com renda menor.
A matéria é do jornal Folha de S. Paulo, 23-04-2009.
No entanto, como são poucas as vagas em universidades públicas - apenas 23% do total de vagas disponíveis em 2007, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) -, resta aos alunos mais pobres a opção de tentar uma instituição privada. Sem financiamento, porém, muitos evadem ou nem tentam o vestibular.
Quando foi criado, um dos receios de críticos do programa era o de que ele afetaria a qualidade. No entanto, o único estudo divulgado até agora mostra que bolsistas do ProUni se saíram até melhor que os demais em 12 das 14 áreas comparadas por meio do Enade (exame aplicado a alunos e que substituiu o antigo Provão).
Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação no governo FHC e atual secretário estadual da Educação de São Paulo, já elogiou o programa - por ser uma solução mais barata para expandir o número de matrículas de alunos mais pobres se comparada com o custo do aluno que estuda em uma instituição pública.
Mesma opinião tem Simon Schwartzman, presidente do IBGE durante o primeiro mandato de FHC, que prefere a expansão do ProUni à ampliação de cotas em universidades públicas como estratégia para aumentar a presença de alunos pobres no ensino superior.
Críticas
Quando lançado, em 2004, o ProUni foi criticado por sindicatos e associações, reunidas no Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, por ser, na opinião das entidades, uma forma de privatização do ensino.
O que ainda permanece uma incógnita a respeito do programa do governo federal é o quanto ele efetivamente contribuiu para aumentar a presença de alunos mais pobres no ensino superior.
De 2001 a 2007, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, o número de alunos com renda domiciliar per capita inferior a um salário mínimo em instituições privadas cresceu 167% (de 253 mil para 677 mil), considerando a variação do salário mínimo e da inflação.
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