O FMI prevê que a economia mundial tem chances de voltar a se recuperar lentamente a partir de 2010, mas que o desemprego continuará crescendo durante todo o ano que vem, só se estabilizando pouco antes do início de 2011.
A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 23-04-2009.
Para o economista-chefe do Fundo, o francês Olivier Blanchard, a taxa de desemprego nos EUA, maior economia do mundo e centro da atual crise, deverá atingir 10% antes de começar a cair novamente.
Hoje, o desemprego nos EUA está em 8,5% - são 13,2 milhões de desempregados em uma População Economicamente Ativa de 155 milhões. Se a projeção de Blanchard estiver correta, haverá mais 2,3 milhões de demitidos até o final do ano. Em março, as demissões nos EUA somaram 663 mil.
"As evidências históricas indicam que a recuperação desta vez será mais lenta do que o normal, o que levará a um decréscimo também lento no desemprego ao longo do tempo", afirmou Blanchard.
Segundo as projeções do Fundo, a economia mundial deverá encolher 1,3% neste ano (a primeira retração desde a Segunda Guerra Mundial) e crescer 1,9% em 2010. Como comparação, o mundo cresceu 3,2% e 5,2%, respectivamente, em 2008 e 2007.
O chamado G3 (EUA, com contração de 2,8%; zona do euro, -4,2%; e Japão, -6,2%) puxará o mundo para baixo, enquanto China (6,5%) e Índia (4,5%) darão alguma sustentação. No ano que vem, prevê o Fundo, o G3 pode ter um desempenho entre zero e 0,5%, mas outras economias devem se acelerar um pouco mais.
Blanchard estima que no primeiro trimestre de 2009 a economia mundial tenha se desacelerado 6%, repetindo a queda "sem precedentes" do último trimestre do ano passado, quando a crise mundial estourou com toda a sua força.
As projeções do FMI indicam que apenas os EUA sofrerão deflação neste ano e no próximo, de -0,9% e -0,1%. Mas a subida de preços nas economias avançadas deve se manter pouco acima de zero em 2009 e 2010.
A deflação traz riscos enormes, pois desincentiva tanto a produção quanto o consumo -empresas e consumidores ficam na espera de que os preços caiam ainda mais antes de investir ou comprar um bem.
Na entrevista ontem na sede do FMI, Blanchard foi extremamente cuidadoso com suas palavras iniciais e respostas posteriores, sublinhando sempre que a maioria dos países tem adotado as "políticas corretas" para enfrentar a crise.
"O mundo está sendo puxado por duas forças opostas, para baixo e para cima. Hoje, a primeira é dominante. Com o tempo, e com as politicas corretas, ela perderá sua força."
Mais à frente, acrescentou: "O setor bancário está ainda em meio a um processo de acomodação, apertando exigências para a concessão de financiamentos. Quanto mais isso durar, mais longa e profunda será a recessão. E, quanto mais longa a recessão, pior ficará a saúde do sistema bancário. Juntas, essas duas dinâmicas criam o risco de um círculo vicioso, que pode levar a um resultado muito pior em comparação ao que estamos prevendo".
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