"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

domingo, abril 19, 2009

Indústrias suspendem acordos de redução de jornada e de salários

Instituto Humanitas Unisinos - 17/04/09

Vinte dos trinta acordos fechados no início deste ano entre indústrias e sindicatos de trabalhadores ligados à Força Sindical para a redução da jornada de trabalho e de salário, a fim de evitar demissões, já foram suspensos. A informação é do próprio presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.

A reportagem é de Márcia De Chiara e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-04-2009.

A resposta positiva nas vendas de automóveis ao corte no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do produto provocou uma reação em cadeia e melhorou o ritmo de atividade nas fábricas que fornecem peças. Com isso, os trabalhadores retomaram a produção.

O quadro é semelhante no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, ligado à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Segundo o presidente do sindicato, Sérgio Nobre, dos 44 acordos de redução de jornada e de salários, oito foram cancelados no início deste mês.

"Setores ligados ao mercado interno estão tendo recuperação bastante forte. O problema continua nas empresas exportadoras", diz Nobre. Num primeiro momento, observa o presidente da CUT, Artur Henrique, a cadeia automobilística foi a mais afetada. "O que se vê agora é uma recuperação nas metalúrgicas ligadas às montadoras e à construção civil", diz o sindicalista.

REAÇÃO

A Valeo, fabricante de faróis e lanternas para a indústria automobilística, por exemplo, interrompeu na semana passada o acordo de redução de jornada de trabalho e de 15% nos salários iniciado em fevereiro e previsto para durar até o dia 30 deste mês. A empresa decidiu cancelar a jornada reduzida porque tanto a demanda das montadoras em março como a programação de pedidos para este mês aumentaram.

"Dezembro foi trágico. Agora já houve uma reação, e temos um novo patamar de produção", afirma CarlosLuiz Gazola, diretor administrativo e financeiro da Proxyon, que produz peças e conjuntos de aço e alumínio para a indústria automobilística.

Com a queda de 60% no faturamento em dezembro, a empresa decidiu reduzir em um dia por semana a jornada de trabalho dos 220 funcionários, que aceitaram cortar 14% nos salários. Com a melhora nos pedidos, a companhia suspendeu o acordo antes do fim do prazo previsto, que era 28 de março.

"O faturamento não voltou ao nível normal e está 30% abaixo do ano passado", diz o diretor. De toda forma, pelo volume de pedidos já sinalizado pela indústria até agosto, a empresa optou por retomar a produção.

Já a Saint-Globain Sekurit, que produz vidros para veículos, adotou estratégia diferente. Em dezembro, quando a demanda pelo produto foi reduzida para um terço, a empresa demitiu 180 temporários. "Agora, acabamos de contratar 24 trabalhadores" diz o diretor geral, Manuel Corrêa. Segundo ele, a freada nas vendas no fim de 2008 foi brusca. Agora, a retomada é forte.

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