Pesquisadores já demonstraram, em estudos animais e em culturas de células, que os agrotóxicos podem estimular o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, tais como a doença de Parkinson. Agora, pesquisadores da University of California - Los Angeles (UCLA) demonstraram que o mesmo processo também ocorre em seres humanos.
A reportagem é de Henrique Cortez e publicada pela página eletrônica EcoDebate, 24-04-2009.
A pesquisa foi realizada na região de Central Valley, a mais importante região agrícola da Califórnia, caracterizada pela fertilidade do solo e pela intensa utilização de agrotóxicos, com destaque para o fungicida “maneb” e o herbicida “paraquat”.
No estudo epidemiológico, os pesquisadores avaliaram os moradores da região de Central Valley com diagnóstico de doença de Parkinson. Os resultados indicaram que a exposição continuada, ao longo de anos, ao fungicida “maneb” e ao herbicida “paraquat” aumenta o risco de desenvolver a doença de Parkinson em 75%.
A pesquisa [Parkinson's Disease and Residential Exposure to Maneb and Paraquat From Agricultural Applications in the Central Valley of California] foi publicada na edição de 15/4/2008 da American Journal of Epidemiology, concluiu que os moradores de Central Valley que residiam até 500 metros das áreas em que os agrotóxicos foram aplicados, entre 1974 e 1999, tem 75% a mais de chances de desenvolver a doença de Parkinson. O estudo conclui que a exposição ocorre anos antes dos sintomas aparecerem.
A pesquisa indica, ainda, que as pessoas com 60 anos ou menos diagnosticadas com a doença de Parkinson, expostas ao maneb, ao paraquat ou ambos, foram contaminados entre 1974 e 1989, quando eram crianças, adolescentes ou jovens adultos.
Ainda não se conhecem as causas da doença de Parkinson, mas ela é, nos EUA, excepcionalmente frequente entre fazendeiros e moradores das zonas rurais, o que pode indicar uma responsabilidade parcial dos agrotóxicos.
Os resultados da pesquisa também confirmam estudos anteriores, em animais, nos quais a exposição a múltiplos contaminantes químicos aumenta os efeitos de cada um deles.
Com base nas conclusões fica evidente que a sinergia entre o maneb e o paraquat tornou-se ainda mais neurotóxica, aumentando drásticamente o risco de desenvolvimento da doença de Parkinson em seres humanos.
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