Apesar de ter apontado a terceira alta consecutiva na taxa de desemprego do país, a Pesquisa Mensal de Emprego divulgada pelo IBGE trouxe também dados que foram bem recebidos por analistas. Eles consideraram positiva a confirmação de que o fechamento de postos de trabalho ainda está restrito à indústria, que viu o número de pessoas ocupadas cair 1,2% em relação a março de 2008.
A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 25-04-2009.
O economista Fábio Romão, da consultoria LCA, destacou que, pelo segundo mês consecutivo, o estoque de ocupados no setor de serviços ampliado cresceu 1,6% em relação ao mesmo período de 2008. Esse grupo, que inclui serviços prestados a empresas, serviços domésticos, educação, saúde, administração pública e outros serviços, responde por 57% do estoque de empregos do país.
A expansão de 1,6%, apesar de bem abaixo do verificado ao longo do ano passado (em maio, a diferença chegou a ser de 4,2%), é considerada um bom sinal pelo economista. "A evolução, embora mais modesta, diminui o impacto do fechamento de postos na indústria."
Para Ariadne Vitoriano, da Tendências, esse comportamento dos demais setores da economia está relacionado ao nível ainda elevado de renda da população -apesar da crise, o rendimento médio real do trabalhador foi 5% maior em março de 2009 do que em março de 2008. A massa salarial total, de R$ 27,4 bilhões, também teve desempenho positivo, com crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior.
"A maioria das categorias conseguiu reajuste forte no ano passado, quando a economia estava aquecida. Além disso, a desaceleração da inflação vem contribuindo", explicou.
Ela disse acreditar, porém, que esse desempenho não se manterá neste ano, que deve ter reajustes menores e migração de mão de obra para o mercado informal devido à crise. Por isso, aposta na deterioração do mercado de trabalho, com uma taxa média anual de desemprego de 9,3%, contra 7,9% no ano passado.
Já Romão aposta em um resultado um pouco melhor, de 8,9%, baseado na avaliação de que a indústria deve, já a partir do próximo mês, estancar o processo de demissões.
"A indústria teve um ajuste de produção muito rápido e intenso entre novembro e janeiro. Agora, esse ímpeto demissionário vai ser menor", disse o economista.
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