Lembro a primeira vez que o tema “credit-default swaps” foi trazido para o Blog, a incredulidade com que foi recebido. Dizia-se que trazia embutido um rombo maior do que o dos ativos tóxicos (clique aqui)
No auge da especulação, para contornar os limites do tratado de Basileia 2, havia a necessidade dos bancos garantirem parte do crédito com seguros. Como havia a falsa noção de que a administração de risco atingira o estado da arte, os seguros pagos eram baixíssimos e visavam compensar a diferença entre o valor de mercado e o valor das carteiras dadas em garantia. Quando os mercados desabaram, criaram rombos bilionários para os bancos que bancaram o seguro.
Matéria do The Wall Street Hournel (no Valor) analisa pedidos de falência provocados por esse jogo dos CDS.
É um jogo extraordinário. Os bancos emitiam o CDS e vendiam para terceiros. Com os calotes, os bancos que concederam crédito perdem e os bancos que venderam o seguro perdem.
Executivos de bancos e advogados envolvidos nas tentativas de reestruturação disseram estar preocupados pelo fato de que alguns credores de companhias em dificuldades, como a produtora de papel para jornal AbitibiBowater e a proprietária de shopping center General Growth Properties, se beneficiarão de um calote por também deterem CDS, que lhes confere direito a receber pagamentos nestes casos.
“Notamos que os swaps de crédito se tornaram um fator significativo”, quando fracassam as negociações extrajudiciais de reestruturação, disse Alan Kornberg, o sócio encarregado da área de falências no escritório de advocacia Paul, Weiss, Rifkind, Wharton & Rice, falando em termos gerais. “Costumávamos falar sobre a prática teoricamente, mas agora estamos vendo casos nos quais é difícil obter a anuência dos credores para aceitar uma oferta ou para chegar a um meio termo e aí descobrimos que esses credores que se entrincheiram em suas posições detêm respeitáveis proteções de CDS”.
A recuperação judicial prevê a adesão de 97% dos credores. Mas aqueles que detem CDS preferem que a empresa vá à bancarrota, porque aí recebem o valor integral garantido pelo seguro.
Alguns credores, incluindo o Citigroup, que tiveram pequena exposição à AbitibiBowater, se protegeram com hedge no mercado de swaps de crédito, o que significa que o interesse econômico do banco no acordo era distinto do interesse de credores que não haviam comprado seguro de crédito, de acordo com pessoas familiarizadas com o tema. O Citigroup absteve-se de tecer comentários.
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