O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou ontem que passará a monitorar por satélite o ritmo do desmatamento em todos os biomas brasileiros. Atualmente, o serviço só existe para a Amazônia, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A reportagem é de Bernardo Mello Franco e publicada pelo jornal O Globo, 17-04-2009.
A promessa é estender o programa para Cerrado, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa. E a previsão é que o sistema passe a funcionar plenamente no prazo de um ano.
Com base nos dados, o governo pretende acrescentar ao Plano Nacional de Mudanças Climáticas metas específicas para a redução das derrubadas em cada bioma.
Os primeiros resultados, do Cerrado, serão apresentados em setembro. Este bioma foi escolhido pelo avanço da fronteira agrícola, especialmente em estados como Mato Grosso e Goiás. Em novembro, o Ibama promete apresentar o retrato do desmatamento na Caatinga, onde o principal problema é a devastação de árvores nativas para a fabricação ilegal de carvão. Os outros biomas serão incorporados até abril de 2010, quando está prevista a atualização das metas do Plano.
— Durante muitos anos, o Brasil só monitorou a Amazônia. Era um samba de uma nota só. Hoje sabemos que outras áreas têm sido agredidas num ritmo ainda mais acelerado, como o Cerrado e a Caatinga — disse o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
— Não tenho os números atualizados, mas acredito que o desmatamento na Caatinga já seja proporcionalmente o dobro do registrado na Amazônia.
País já perdeu 39% da cobertura do Cerrado
O ponto de partida do monitoramento são os mapas de áreas florestais remanescentes nos biomas fora da Amazônia produzidos pelo Projeto de Utilização e Conservação da Diversidade Biológica BrasileiraProbio) com base em imagens captadas pelo satélite Landsat em 2002. (
A ideia é usar o novo sistema para atualizar os dados e passar a emitir alertas mensais.
Em 2002, o país já havia perdido 39% da cobertura florestal do Cerrado, segundo imagens do Landsat.
Na Caatinga, a devastação já havia alcançado 36% e é, atualmente, um dos biomas mais pressionados especialmente pelo uso da lenha e do carvão, que respondem por cerca de 40% da energia consumida na região. O Pantanal é o bioma mais preservado, com 87% de sua cobertura nativa intacta.
Os dados do ano de 2002 mostram ainda que a Mata Atlântica é o bioma com a vegetação nativa mais devastad a . Da área total de 1.059.027,85 quilômetros quadrados restavam, há seis anos, apenas 27% com a cobertura vegetal nativa em diferentes graus de conservação.
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