Para Simão Silber, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e professor da FEA-USP, será "uma barbeiragem" eliminar o dólar nas relações entre Brasil e China,
A entrevista é de Guilherme de Barros e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 23-04-2009.
Eis a entrevista.
O que o sr. acha de a China se tornar o principal parceiro comercial do Brasil?
Isso não é novidade. Dos países de dimensões continentais, a China é o mais carente de recursos naturais e, dadas sua emergência e a retração das economias maduras, é uma consequência quase que natural.
A eliminação do dólar nas relações comerciais entre os dois países poderá incentivar ainda mais esse comércio?
Sim, porque os chineses são muito competitivos e têm taxas de juros muito menores do que as nossas. Eles podem dar crédito a qualquer importador brasileiro, mas, para um banco brasileiro fazer o caminho inverso e dar crédito [atraente] para importadores chineses, é praticamente impossível. Vejo uma barbeiragem muito grande nessa questão.
Por quê?
Não seria surpresa, em um prazo maior, se o Brasil ficar altamente deficitário com a China. Se a importadora brasileira estiver sem dinheiro e capital de giro e o banco chinês emprestar com juros de 2% a 3% ao ano, será um grande negócio para os chineses. O Brasil não terá condições de fazer o mesmo. Do nosso crédito a exportações, 90% são destinados à Embraer. Precisaríamos esperar para a proposta vir à mesa porque, na prática, ela é difícil. Se for para valer, ela é mais favorável para a China do que para o Brasil.
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