"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

terça-feira, outubro 28, 2008

Governo avalia que Brasil e outros emergentes são alvo de especulação

Instituto Humanitas Unisinos - 24/10/08

O governo avalia que o Brasil está sob forte ataque especulativo, assim como outros países emergentes. Assustado com a queda-de-braço entre Banco Central (BC) e instituições financeiras de grande, médio e pequeno portes — que estariam comprando dólares para lucrar com o enfraquecimento do real —, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou o BC a usar artilharia pesada e vender contratos de swaps cambiais no valor de até US$ 50 bilhões no mercado.

A reportagem é de Gerson Camarotti e Eliane Oliveira e publicada pelo jornal O Globo, 24-10-2008.

Segundo fontes, a resposta dada ontem pela autoridade monetária foi uma forma de conter a especulação cambial. Decidiu-se apelar para uma ação agressiva, “de força”, para mostrar que o país não está disposto a bancar o prejuízo da caça a qualquer lucro. A idéia é fazer com que os especuladores paguem caro por seus atos. Ou seja: “comprem” moeda a R$ 2,50 e sejam obrigadas a “vender” a R$ 2,20, quando os contratos vencerem.

Auxiliares próximos do presidente associaram o ataque especulativo no câmbio com o que ocorreu em 1999, quando houve um forte ataque ao real, com o derretimento das reservas brasileiras.

Só que hoje, afirmam essas fontes, há uma diferença que o BC tentou mostrar ontem: o Brasil agora tem munição para enfrentar os especuladores:

— Os bancos estão comprando dólares num momento em que o governo quer irrigar o mercado. Os especuladores precisam saber que quem tem US$ 200 bilhões em reservas cambiais não está brincando.

Novas medidas não estão descartadas

Pressionado, Lula deu, esta semana, sinal verde para que o presidente do BC, Henrique Meirelles, fizesse o que fosse necessário para “ganhar a queda de braço contra a especulação”, conforme disse um ministro. Daí a demonstração de força da autoridade monetária, que teve como resultado o recuo do dólar, que fechou a R$ 2,30, após ter ultrapassado R$ 2,50.

Nos bastidores, novas medidas não estão descartadas.

Estuda-se a vinculação da liberação do compulsório bancário ao financiamento das exportações.

O BC, porém, teme problemas de ordem jurídica.

A escassez de recursos para o comércio exterior brasileiro chegou a tal ponto que o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, reclamou da situação em São Paulo em que havia na platéia representantes de vários bancos. Quer que o dinheiro para as exportações seja “carimbado”.

A recomendação no núcleo do governo, no entanto, é de cautela. Segundo fontes, há forte dependência do chamado “efeito psicológico” das últimas medidas anunciadas. Há grande expectativa de como o mercado vai reagir às ações do governo nos próximos dias, principalmente em relação ao anúncio do “super-swap” e da edição da Medida Provisória 443, que permite que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal possam comprar bancos e empresas em dificuldade.

— É muito importante que o Banco Central passe a dar prioridade à estabilização do câmbio.

Há uma volatilidade muito grande que deve durar de um a dois meses. Isso é resultado de uma situação de pânico e de aversão ao risco — disse o senador Aloizio Mercadante (PTSP), um dos conselheiros econômicos do presidente Lula.

O BC tem margem de manobra no câmbio e tem bala para jogar com o objetivo de estabilizar o mercado, afirmou Mercadante. Segundo ele, essa ação de coordenação da autoridade monetária vai ajudar o mercado a encontrar o equilíbrio, em um cenário de ação especulativa principalmente em relação às empresas exportadoras.

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