Maurício Dias avalia que a mídia não engoliu a eleição de um operário como presidente
“A eleição de um presidente operário deflagrou a situação em que vivemos hoje, na qual a imprensa ataca a classe política de forma obsessiva e suicida”, disse Maurício Dias em entrevista ao Conversa Afiada. Para ele, a forma que a mídia cobre a política projeta a idéia de que a situação do país seria melhor se não houvesse Congresso.
“Costuma ser dito que pobre não vota. Mas isso é falso. No Rio, os percentuais de abstenção na zona norte e zona oeste foram de aproximadamente 19%, menor do que o da zona sul”, frisa Maurício. Em seu ponto de vista, o distanciamento decorre da manipulação que a classe média sofre por parte da dita grande imprensa. “É como diz o Marcos Coimbra (presidente do Instituto Vox Populi), eles acabam sendo ‘inocentes úteis’”, pontua. Outro fator responsável pelo desencanto eleitoral, acredita Maurício, é a própria pausteurização dos partidos políticos, principalmente o PT, que perdeu seus diferenciais diante do eleitorado.
Para Maurício, é uma falácia a tentativa de vincular o resultado das eleições municipais com a sucessão de Lula. “Há um estudo do cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj, que mostra isso claramente”, disse. A partir de um levantamento de três eleições presidenciais e municipais coincidentes foi possível observar o desvinculamento entre os dois pleitos. “Quando o Lula foi eleito, em 2002, o PT tinha apenas 12% das prefeituras”, exemplifica.
Outro exemplo, segundo Maurício, vem da eleição municipal de 1996. Naquele ano, os prefeitos César Maia, do Rio, e Paulo Maluf, de São Paulo, elegeram sucessores desconhecidos. “Tanto César como Maluf foram apontados como figuras que seriam fundamentais na eleição presidencial de 1998, mas isso não se confirmou”, pontua.
Nenhum comentário:
Postar um comentário