"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música"
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, outubro 29, 2008

A PIOR NOTÍCIA DESTA ELEIÇÃO: ABSTENÇÃO ELEITORAL DA CLASSE MÉDIA

Conversa Afiada - 27/10/2008 12:25



Maurício Dias avalia que a mídia não engoliu a eleição de um operário como presidente

A grande novidade da atual eleição não é o desempenho de nenhum partido ou candidato. Atende pelo nome de abstenção da classe média. Somente no Rio de Janeiro, o percentual de eleitores que não votaram na zona sul chegou a quase 25%. Ou seja, um quarto do público que mais lê jornais na cidade preferiu ficar longe das urnas. Para o colunista político Maurício Dias, de Carta Capital, o descolamento do eleitor de classe média da disputa eleitoral reflete um processo de rejeição, vitaminado pela imprensa, que começou com a eleição de Lula, em 2002.

“A eleição de um presidente operário deflagrou a situação em que vivemos hoje, na qual a imprensa ataca a classe política de forma obsessiva e suicida”, disse Maurício Dias em entrevista ao Conversa Afiada. Para ele, a forma que a mídia cobre a política projeta a idéia de que a situação do país seria melhor se não houvesse Congresso.

“Costuma ser dito que pobre não vota. Mas isso é falso. No Rio, os percentuais de abstenção na zona norte e zona oeste foram de aproximadamente 19%, menor do que o da zona sul”, frisa Maurício. Em seu ponto de vista, o distanciamento decorre da manipulação que a classe média sofre por parte da dita grande imprensa. “É como diz o Marcos Coimbra (presidente do Instituto Vox Populi), eles acabam sendo ‘inocentes úteis’”, pontua. Outro fator responsável pelo desencanto eleitoral, acredita Maurício, é a própria pausteurização dos partidos políticos, principalmente o PT, que perdeu seus diferenciais diante do eleitorado.

Para Maurício, é uma falácia a tentativa de vincular o resultado das eleições municipais com a sucessão de Lula. “Há um estudo do cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj, que mostra isso claramente”, disse. A partir de um levantamento de três eleições presidenciais e municipais coincidentes foi possível observar o desvinculamento entre os dois pleitos. “Quando o Lula foi eleito, em 2002, o PT tinha apenas 12% das prefeituras”, exemplifica.

Outro exemplo, segundo Maurício, vem da eleição municipal de 1996. Naquele ano, os prefeitos César Maia, do Rio, e Paulo Maluf, de São Paulo, elegeram sucessores desconhecidos. “Tanto César como Maluf foram apontados como figuras que seriam fundamentais na eleição presidencial de 1998, mas isso não se confirmou”, pontua.

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