Do Valor
(...) A maioria das pessoas nunca viu um aperto de crédito como o atual. Anna Schwartz, 92, é uma exceção. Ela não só tem idade suficiente para se lembrar do período entre 1929 e 1933, como também sabe mais sobre a história monetária e bancária do que qualquer pessoa viva. Ela escreveu, junto com Milton Friedman, "A Monetary History of the United States" (1963), relato de como uma política monetária mal conduzida transformou o "crash" do mercado de ações em 1929 na Grande Depressão.
Schwartz trabalha desde 1941 no National Bureau of Economic Research, em Nova York, onde nos encontramos para uma entrevista. (...)
O presidente do Fed, Ben Bernanke, chamou "Monetary History" de "a principal e mais convincente explicação sobre o pior desastre da história americana". Schwartz acha que os bancos centrais e o Departamento do Tesouro americano estão errando de novo.
Vamos às suas principais conclusões:
1. Hoje, os bancos têm um problema no lado dos ativos de seus balanços - "todos esses títulos exóticos que o mercado não sabe como avaliar".
2. A única maneira de "se livrar deles" é vendê-los e é por isso que Schwartz acha que a proposta original do secretário do Tesouro, Hank Paulson, de comprar esses ativos dos bancos "foi um passo na direção certa".
3. O problema é como dar preço a ativos "tóxicos" que ninguém quer. E por baixo desse problema existe outro, mais complexo: se forem precificados aos atuais níveis de mercado, sua venda levaria muitas instituições à insolvência instantânea. Os temores que estão amarrando os mercados de crédito se materializariam e vários bancos provavelmente quebrariam. Foi isso que levou Paulson a mudar da compra de ativos dos bancos para sua recapitalização.
4. É preciso ter coragem para deixar uma instituição poderosa quebrar. Mas a alternativa - o atual congelamento do crédito - é pior, afirma Schwartz.
5. A raiz da crise foi a política monetária expansionistas de Greenspan. "O ativo variou de um boom para outro. Mas o propagador básico foi uma política monetária frouxa demais e juros baixos demais, que induziram as pessoas a dizer que está tão barato adquirir os objetos de desejo daquele boom de ativos que elas vão em frente e compram esses objetos. E então, é claro, quando a política monetária passa a ser apertada, o boom entra em colapso."
6. Quanto a Bernanke, diz ela, a crise atual não é uma repetição do problema da década de 1930, mas nossos banqueiros centrais vêm respondendo usando as ferramentas que deveriam ter usado na época. Eles estão lutando a guerra passada.
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