O PMDB renunciou ao poder federal para ganhar capilaridade em todo o País. Fez 8 mil vereadores, que cuidarão das campanhas dos deputados federais. Dadas as características políticas brasileiras, evidentemente que o próximo presidente da República precisará do apoio desse partido. O custo disso é uma composição ministerial, uma chantagem a quem está no poder central.
O artigo é de Carlos Melo, cientista político do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), e publicado no jornal O Estado de S. Paulo, 27-10-2008.
Não me surpreendo com a rejeição a Marta. Ela foi eleita prefeita, em 2000, porque havia uma fragilidade da administração municipal, um ocaso do malufismo. E a Marta, que havia sido candidata a governadora, em 1998, no sacrifício, teve um desempenho extraordinário. Mas não se pode dizer que o PT teve uma hegemonia política em São Paulo. Teve dois governos no município, um da Marta e outro da Luiza Erundina, eleita em apenas um turno com pouco mais de um terço dos votos. O PT é uma força muito relevante em São Paulo, mas não é uma força hegemônica. Acho que o eleitorado paulista tem uma tendência muito maior de ser mais conservador, sem ser de direita. O resultado da eleição, por isso, me parece normal.
Não existe esse negócio de eleger um poste. Quando se trata de uma eleição para um mesmo cargo, de decidir que aquele que está fazendo bem feito deve continuar ou deve ser substituído, aí é que prevalece a lógica.
No Rio de Janeiro, a eleição no primeiro turno teve várias forças políticas. O PMDB, que tem máquina, conseguiu levar o seu candidato para o segundo turno; o senador Marcelo CrivellaFernando Gabeira surgiu, capitalizou o voto rebelde no Rio de Janeiro, que é uma tradição. Não é exatamente de esquerda, mas contestatório e tem tradição lá. viu sua força se esvair na campanha; o
O voto da periferia não é ideológico. O eleitor dessa região tende a preservar seus interesses, suas vantagens. O eleitor tende a reconhecer a ação do governo. O que rende voto é a ação governamental. No caso do Rio de Janeiro, por exemplo, o eleitor da zona sul ficou com o Gabeira, porque seu voto é mais independente. Veja o município de São Paulo. É um exemplo disso. O governo de Marta se apropriou de redutos malufistas por conta da ação administrativa de sua gestão.
A discussão do pedágio urbano simboliza um enorme populismo. Um trajeto que você levava 15 minutos para fazer, você gasta duas horas. As pessoas usam o carro como se usa um par de sapatos. Quanto mais carros estiverem nas ruas, mais os ônibus estarão vazios e as ruas congestionadas. Esse é um tema que sempre aparece nas pesquisas qualitativas. Mas o que você teve ali, nesse debate, foi um lavar de mãos, porque é uma política impopular. Governar é também fazer opções. Me deixa apreensivo essa lógica política de que você pode governar agradando a todos.
A reeleição foi muito grande porque a lógica eleitoral dela é de que quem está ali tem pelo menos quatro anos de campanha. Passa tentando agradar a todos durante quatro anos. Isso dá uma visibilidade fantástica. Quando você tem a caneta, você mobiliza pessoas, você mobiliza recursos financeiros.
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