O professor doutor Friedrich Berschauer, presidente da Bayer CropScience AG, a divisão agrícola da poderosa empresa alemã, prevê que o Brasil, em breve, deslocará todos os seus rivais, incluindo os Estados Unidos, e se converterá no jogador mais importante dos negócios agropecuários no mundo. Em contrapartida, na companhia, não se consegue compreender por que o governo argentino se empenha em deixar seu país à margem da extraordinária conjuntura que os grandes produtores têm à sua frente, entre os quais se encontra o Paraguai.
A reportagem é do jornal ABC Color, do Paraguai, e publicada no dia 08-09-2008. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Como costuma fazer anualmente, a Bayer CropScience reuniu jornalistas de todo o mundo, em suas instalações de Monheim, próximo das oficinas centrais do gigante conglomerado químico-farmacêutico em Leverkusen, para informar sobre seus resultados e projetos e para apresentar suas estimativas sobre as tendências do mercado global.
Friedrich Berschauer, um homem de longa trajetória na Bayer como alto executivo e também como cientista, disse que o mundo se encontra, neste preciso momento, no limiar de uma “nova economia agrícola”, na qual a agricultura e a indústria da alimentação ocuparão o lugar primordial.
Essa previsão se baseia nas tendências de longo prazo da demanda de produtos agropecuários, que continuará aumentando continuamente, devido não somente ao crescimento da população mundial, mas também à mudança de hábitos alimentares de centenas de milhões de pessoas que estão saindo da pobreza, fundamentalmente na Ásia, o que elevou fortemente o consumo de carne, e à demanda agregada de plantas como fontes alternativas de energia.
Nesse contexto, o Brasil é o que apresenta as melhores perspectivas. Como indicador, Berschauer disse, em sua exposição, que hoje o Brasil, e depois dele a América Latina, em particular o Mercosul, já são as áreas que mostram os maiores níveis de crescimento nas vendas dos produtos Bayer CropScience, um dos maiores fabricantes mundiais de agroquímicos.
Assinalou que, no Brasil, os altos preços das commodities agrícolas, a expansão das áreas de cultivo e um incremento recorde nas exportações de cereais induziram os agricultores a investir mais em produtos e tecnologias inovadores para otimizar seus rendimentos. Disse que o país tem o potencial de se converter no maior mercado da Bayer CropScience.
Posteriormente, numa conversa com jornalistas latino-americanos, Berschauer acrescentou que não lhe restam dúvidas de que o Brasil será em breve o principal produtor mundial de alimentos, acima dos Estados Unidos, feito que qualificou como “extraordinário”.
O doutor Rudiger Scheitza, também membro da diretoria da empresa, se manifestou no mesmo sentido, mesmo que nenhum dos dois tenha se animado a arriscar quando o fato se concretizará. Dependerá da evolução dos preços e da capacidade do país de adequar sua infra-estrutura, disse Scheitza, mas indicou que mais cedo ou mais tarde o Brasil saltará para o primeiro lugar, pese os altos subsídios que os produtores norte-americanos desfrutam.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr) |
Por outro lado, ao responder a uma pergunta do auditório durante a conferência principal, Berschauer assinalou sem muitas voltas: “Não entendo a Argentina”.
Sublinhou que, mesmo que os políticos se vejam tentados a utilizar esses temas para aumentar sua popularidade em certos setores da sociedade, não deveriam perder de vista que a agricultura é um fator chave relacionado com a própria subsistência dos seres humanos, e por isso não deveria ser tratado superficialmente.
Isso poderia ser tratado como um simples comentário à margem, mas Scheitza se encarregou, mais tarde, de destacar novamente o que qualificou como “surpreendente conduta do governo argentino”.
“É claro que é extremamente importante para um país ter uma agricultura forte e que necessitamos de produtividade”, disse, em alusão à alta retenção aos produtores argentinos e seu efeito sobre a produção desse país.
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