do site do CEPR
WASHINGTON, D.C. – O Centro de Pesquisa Política e Econômica (CEPR) pediu ao Departamento de Estado, à Agência Internacional de Desenvolvimento (USAID) e outras agências que divulguem informações detalhadas sobre as entidades financiadas pelos Estados Unidos na Bolívia -- onde grupos violentos da oposição de extrema direita causaram destruição na semana passada em uma série de assassinatos, espancamentos, destruição de escritórios e sabotagem de um gasoduto -- assim como em outros países da América Latina, inclusive a Venezuela. Eventos recentes sugerem que há evidências sustentando as declarações do presidente Evo Morales de que a Embaixada dos Estados Unidos apoiou grupos que promovem a violência em busca de "autonomia" da Bolívia. O Centro pediu à USAID e outras agências dos Estados Unidos que "joguem limpo" para demonstrar que o governo dos Estados Unidos age de boa fé.
"Washington decidiu manter suas ligações com a oposição da Bolívia escondidas em segredo e isso não conduz à confiança entre os governos da Bolívia e dos Estados Unidos", disse Mark Weisbrot, co-diretor do CEPR. "Se Washington não tem nada a esconder em termos de quem financia e com quem trabalha na Bolívia, deveria então revelar quem é".
Em meio à violência e destruição da propriedade, o presidente Evo Morales declarou o embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg, "persona non grata" e pediu que ele fosse expulso, sugerindo que ajudou organizações que estão por trás da violência e da sabotagem. Apesar de vários pedidos feitos sob o Freedom of Information Act, os Estados Unidos não revelaram os nomes das organizações que receberam ajuda da USAID. A Bolívia é uma grande receptora de dinheiro da USAID, com milhões enviados para grupos lá. Os Estados Unidos também financiam grupos bolivianos através do National Endowment for Democracy e organizações relacionadas.
[O Freedom of Information Act é uma lei americana que permite a qualquer cidadão ou entidade requisitar informações mantidas em sigilo pelo governo. O texto não deixa claro se os pedidos de informação foram feitos pelo próprio CEPR. Cabe à Justiça decidir se o governo deve ou não atender às requisições. O governo pode recorrer ou fazer a divulgação parcial de dados]
"A USAID não deve ser uma organização clandestina, ainda assim o governo dos Estados Unidos se nega a divulgar quais grupos da Bolívia recebem apoio com dinheiro do contribuinte americano", diz Weisbrot. "Ao dar ajuda clandestina a grupos que quase certamente fazem parte da oposição, dá a impressão de que os Estados Unidos contribuem com as tentativas de desestabilizar o governo boliviano".
A Embaixada dos Estados Unidos na Bolívia foi implicada em um número de eventos que sugerem que buscou enfraquecer o governo Morales. Em fevereiro deste ano foi revelado que a embaixada pediu repetidamente a voluntários do Peace Corps [um programa de voluntariado do Departamento de Estado] e a um bolsista da Fulbright que espionassem contra gente na Bolívia. Até recentemente a USAID tinha um "Escritório de Iniciativas de Transição" operando na Bolívia, que canalizava milhões de dólares em treinamento e apoio a grupos de direita e movimentos de oposição regional.
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