Por séculos, a terra era o verdadeiro símbolo de riqueza na Europa. Hoje, fundos de investimentos voltam a apostar nisso como alternativa aos clientes para aplicar dinheiro. Desconfiados do mercado financeiro, investidores europeus voltam a pôr dinheiro em terras. Fundos de investimentos estão sendo criados para que europeus possam investir nos países da própria União Européia (UE). Fundos não descartam sequer passar a comprar terras no Brasil e no restante da América do Sul para oferecer como opção de investimento.
A reportagem é de Jamil Chade, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, 18-09-2008.
Durante séculos, a terra era o único indicador de riqueza e sua acumulação foi alvo até de guerras. A Igreja Católica fez questão de acumular terras por toda a Europa para demonstrar poder. Hoje, o modelo é bem mais sofisticado, mas a base é a mesma. "A atual crise nas bolsas deverá modificar o comportamento de investidores. Acreditamos que haverá um fluxo cada vez maior de investidores querendo pôr dinheiro numa opção estável, que garanta lucros. Hoje, essa opção é a terra", afirmou Alex Price, da empresa Palmer Capital Partners, com base na Alemanha.
Nesta semana, a empresa lançou o maior fundo já criado na Europa para investir em terras no continente. "No curto prazo, o ouro ou o petróleo podem dar mais resultados. Mas, com a demanda cada vez maior por alimentos, o único resultado garantido de lucro em dez anos é a terra", afirmou ao Estado.
O fundo espera levantar US$ 500 milhões para comprar terras na Polônia, Hungria, Romênia e outros países do Leste Europeu, onde as terras são mais baratas que na Europa Ocidental. É o maior projeto desse tipo já lançado na Europa.
Nos últimos meses, a alta nos preços dos alimentos fez com que investidores especulassem com commodities. Em cinco anos, o preço dos alimentos mais que dobrou no mercado internacional. Mas a tendência agora é outra. Diante da constatação de que os alimentos continuarão caros e as outras opções de investimento são arriscadas demais, comprar terras passou a ser uma alternativa atraente.
Segundo Price, o fundo usa o dinheiro dos investidores para comprar fazendas no Leste Europeu, considerado um potencial celeiro de alimentos para as populações de Berlim, Roma, Paris ou Londres. As propriedades são alugadas e arrendadas para grandes multinacionais e produtores agrícolas. A responsabilidade dos produtores é não degradar as terras e manter seu potencial de produção.
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