A mídia não pode se voltar contra os sentimentos hegemônicos de seus leitores. Como fazer para defender Daniel Dantas sem que o leitor perceba?
A fórmula é simples:
1. Criam-se factóides em torno de grampos. Caso típico é a capa da Veja. Até agora nem ela, nem Gilmar Mendes, nem Demóstentes Torres apresentaram um dado sequer de que o grampo foi da ABIN.
2. Criado o factóide, deflagra-se o processo legal-administrativo, seja através do STJ ou do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
3. Consumado o movimento, os jornais voltam a defender escutas e procedimentos mais radicais. Livram a cara, depois de terem cumprido sua missão.
4. O mesmo vale para o equipamento de grampo da ABIN. Ampla cobertura ao que Nelson Jobim falou. Depois, aquele desaforo de afirmar que o equipamento pode ser usado para grampo, desde que acoplado a um equipamento próprio para grampo.
5. Afasta-se Paulo Lacerda e, agora, os desmentidos vêm a conta-gotas. Mas o objetivo já foi alcançado.
6. Finalmente, com a história do agente aposentado do SNI que ajudava na operação, a mesma coisa. Monta-se um movimento para “criar jurisprudência” através dos jornais. Algo insólito, mas entra jornal e colunista afirmando taxativamente que a Operação foi comprometida. Há toda uma discussão por trás, em que esse movimento atua como advogado de uma das partes. Depois de atingido o objetivo, ouça-se a outra parte, mas aí sem risco de comprometer a tese principal: livrar Daniel Dantas.
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